Só levem boas notícias a Lula
“Digam ao presidente que a universidade salva por ele vai atrás da verdade sobre as violências da ditadura”, escreve o colunista Moisés Mendes
Ofereço minha contribuição para que o presidente Lula receba boas notícias durante sua recuperação. Que as ruins sejam levadas aos golpistas que trocam acusações, aos chantagistas do Congresso e às máfias das emendas finalmente alcançadas pela Polícia Federal.
Essa é a notícia boa, que envio de Porto Alegre. A UFRGS instalou nessa terça-feira, em solenidade no salão de atos lotado, a Comissão da Memória e da Verdade Enrique Serra Padrós.
A universidade já havia, desde a posse da nova reitoria, em setembro, derrubado cercas de ferro que entrincheiravam a área administrativa, separando-a do campus, durante o período da gestão bolsonarista. A direção temia invasões.
Agora, nove servidores, sob a coordenação da professora de Direito Roberta Camineiro Baggio, vão se encarregar de procurar, reunir e relatar registros das violências cometidas pela ditadura contra professores e colegas servidores e estudantes.
Em dois anos, a reitora Marcia Barbosa e o vice-reitor Pedro Costa receberão e poderão divulgar o relatório das atrocidades, que envolveram expurgos, deduragens, prisões, torturas e todo tipo de perseguição.
Lula sabe, mas os detalhes poderão ser contados pelo ministro gaúcho Paulo Pimenta, que a UFRGS foi brava na resistência à ditadura. Poderá citar, entre os 37 professores expulsos pelos ditadores, os nomes de figuras notáveis que sobreviveram à opressão e levaram adiante suas lutas.
Exemplos de nomes dos que ainda resistem, Claudio Accurso, Ernildo Stein, João Claudio Brum Torres, Maria da Glória Bordini. E dos que já se foram, Ernani Fiori, Enilda Ribeiro, Leônidas Xausa, Joaquim Felizardo.
Resgatar a memória é homenagear também os que, de fora da universidade, acolheram os perseguidos. Os que estiveram na UFRGS ao lado do homenageado, Enrique Serra Padrós, já falecido, professor e pesquisador que examinou as tiranias latino-americanas.
Lula sabe o tamanho desse gesto numa universidade que até anos atrás tinha os ditadores Arthur da Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici entre os homenageados com o título de doutor honoris causa.
Que por quatro anos foi dominada por lideranças apontadas como opressoras e negacionistas, escolhidas por Bolsonaro, mesmo que representassem a nominata última colocada numa lista tríplice.
Digam a Lula que o salão de atos da UFRGS estava lotado e que o público acompanhou o coro dos que começaram a gritar ‘sem anistia’ e 'tortura nunca mais'.
E digam ao presidente, para que ele fique mais animado, que os servidores da UFRGS sabem que só poderão se dedicar a esse trabalho sobre violações porque ele, Lula, saiu do cárcere político para ser eleito de novo e salvar as universidades brasileiras da barbárie.
Sem Lula, não haveria comissão alguma e talvez já não houvesse, com as feições agora recuperadas, a própria universidade, que havia sido condenada pela extrema direita à degradação e à destruição.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: