Sobre Bolívia, esperança e eleições no Brasil
A vitória da esquerda na Bolívia deve ser comemorada e muito. Precisamos nos alegrar e renovar as esperanças. Precisamos acreditar que é possível porque a desesperança paralisa, consome nossas forças, nos tira do jogo
A vitória de Luis Arce na Bolívia significa a retomada da democracia no país e reverbera pelo mundo. É a resposta ao golpe, à perseguição política e judicial à esquerda. É a reafirmação da vontade popular. E o resultado nas urnas do país vizinho é também um recado para o Brasil. Bolsonaro apoiou o golpe que forçou a renúncia de Evo Morales em 2019. A vitória do partido de Arce, apoiado por Evo, é uma derrota para Bolsonaro. E uma esperança para todos os que prezam pela democracia.
Para nós, essa derrota na política externa de Bolsonaro, justamente num momento em que se avizinha também uma derrota de Trump, deve ter efeito não em 2022, mas já nessas eleições municipais. Tenho dito que nosso maior desafio hoje é reduzir o tamanho de Bolsonaro, esvaziá-lo do prestígio inflado por fake news, apoio milionário do empresariado e alianças escusas com o Centrão. E essa batalha tem um capítulo decisivo nessas eleições municipais. Cada derrota de candidatos apoiados por Bolsonaro será uma vitória da defesa do Estado de Direito.
Com a pandemia, a campanha corre fria e pouco mobilizadora. Muitos nem se dão conta de que estamos a menos de um mês da eleição. Há uma repulsa à política no ar, não sem razão. A demonização da ação política faz com que o cidadão desacredite de tudo e de todos. E é isso que a direita mais quer. O voto sem consciência, sem reflexão, sem crítica favorece as ondas de correntes de WhatsApp que os conservadores conhecem tão bem.
A vitória da esquerda na Bolívia deve ser comemorada e muito. Precisamos nos alegrar e renovar as esperanças. Precisamos acreditar que é possível porque a desesperança paralisa, consome nossas forças, nos tira do jogo. Apoiar candidatas e candidatos de esquerda com história nas lutas populares, com compromisso com a cidadania deve ser nossa tarefa primeira daqui até o dia 15 de novembro. Temos condições de reverter o quadro das últimas eleições de ascensão da extrema-direita e voltar a sorrir com os resultados nas urnas. Temos como barrar os retrocessos que vêm na onda conservadora. Como a Bolívia nos ensinou, não é fácil, mas é possível.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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