Sobre o caso Karnal e excessos
Mesmo que aplaudido por pensamentos críticos ao impeachment, Karnal nunca levantou sólidas bandeiras ideológicas aos céus, como faz, de alguma forma, seu colega Pondé. O que mais me choca, neste caso, são algumas reações que figuram pelas redes
Faria um texto sobre o caso Karnal ainda no último sábado (11). Felizmente esperei, por diversos motivos, até que esse "evento" tivesse parte de sua poeira baixada pelo tempo.
Penso, desde o início da polêmica, que não cabe julgar com quem uma figura pública se relaciona e decide pagar um vinho (é claro, guardadas as exceções de casos extremos).
Mesmo que aplaudido por pensamentos críticos ao impeachment, Karnal nunca levantou sólidas bandeiras ideológicas aos céus, como faz, de alguma forma, seu colega Pondé.
O que mais me choca, neste caso, são algumas reações que figuram pelas redes. E olha que não cito comentários no Facebook ou nos grandes sites, mas pensamentos de gente da mídia independente, como o professor da UnB Luis Felipe Miguel, em texto publicado em seu perfil do Facebook.
Gente que deveria ser cuidadosa.
Quando se compara o encontro de Karnal e Moro a um possível jantar entre um militante de esquerda e o delegado Fleury, responsável por diversas mortes e torturas da ditadura militar, mesmo que "em circunstâncias diferentes", comete-se um erro histórico.
Primeiro ao juiz. Que se discorde das ações de Moro na Lava-Jato. Uma comparação aos crimes cometidos durante um período de liberdade civil cerceada, na qual a imprensa não tinha nem o direito de expressão, denotam uma crítica descabida.
Segundo ao historiador. Pensar que Karnal, ou um semelhante, jantaria com Fleury denotaria, ao menos, sua leniência aos atos desumanos da ditadura, o que não se comprova.
Por fim, à memória dos mortos e torturados pela ditadura, especialmente aqueles que sofreram na mão do esquadrão da morte e seu líder. Esta crítica é uma desonra a quem lutou por qualquer forma de liberdade e democracia no Brasil, e sua propagação é pura matéria de patrulha ideológica.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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