Sucesso de público, atos ‘Fora Bolsonaro’ aumentam pressão sobre Arthur Lira
Para o jornalista Aquiles Lins, editor do 247, um dos principais ingredientes para o impeachment já não falta mais: o povo na rua. “O custo político de apoiar Bolsonaro vai aumentar progressivamente daqui para frente, à medida em que novos atos aconteçam”, afirma
Por Aquiles Lins
As manifestações desse sábado (29) contra Jair Bolsonaro já podem ser consideradas históricas. De máscara, álcool em geral e em grande parte com distanciamento para evitar o contágio da Covid, brasileiros e brasileiras, em sua maioria jovens, saíram às ruas de maneira pacífica, mas assertiva.
Em 213 cidades brasileiras e outras 17 no exterior, o recado foi dado, especialmente ao Congresso Nacional. O povo não suporta mais viver sob este genocídio em curso, que já matou quase meio milhão de pessoas, e exigiu a saída de Bolsonaro, a intensificação da vacinação, o retorno do auxílio emergencial de R$ 600 e o fim da pauta de desmonte do estado.
O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), que está sentado sobre 130 pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro, tem dito que não é o presidente da Casa que pauta o impeachment, mas o próprio processo se impõe pela junção de alguns fatores, essencialmente políticos, como a perda de apoio político, deterioração do quadro econômico e intensas manifestações populares.
Pois bem, o ingrediente povo na rua, que andava em falta, agora não falta mais na ‘receita’ do impeachment. E pelas imagens impressionantes das manifestações, como a da Avenida Paulista tomada de pessoas, este componente deverá ter efeitos sobre o apoio político a Bolsonaro na Câmara.
Confira como ficou a Paulista na tarde desse sábado:
“Ah, mas hoje Bolsonaro tem a maioria da Câmara, comprou os deputados com o Bolsolão e seu orçamento paralelo”, dirá um leitor atento, não sem razão. No entanto, a política não é um monolito, é fluida, está em disputa constante. Os parlamentares que hoje apoiam Bolsonaro deverão sentir nas suas bases eleitorais a insatisfação do povo, que está sem trabalho, sem comida, sem emprego nem perspectivas. Com isso, o custo político de apoiar Bolsonaro vai aumentar progressivamente daqui para frente, à medida em que novos atos aconteçam.
Quanto mais manifestações - ressalte-se, respeitando protocolos sanitários contra a Covid-19, mais desgastado ficará o governo e sua base de apoio, e cada vez menos parlamentares estão dispostos a afundar no mesmo barco genocida de Bolsonaro. Isso inclui obviamente o deputado Arthur Lira.
O genocida vai cair.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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