Tapa de luva

Na última segunda-feira o Brasil se deparou com mais uma notícia-bomba. Algo muito comum nestes tempos turbulentos. O ministro Marco Aurélio determinou liminarmente o afastamento do presidente do Congresso Nacional. Com a decisão, nosso companheiro senador do Acre, Jorge Viana, assumiria a presidência do Senado.

Confesso que a notícia muito me animou, bem como a milhares de militantes que vêm lutando nos últimos meses contra uma das medidas mais perversas que o governo ilegítimo de Michel Temer submeteu ao Congresso, a PEC 55. Seria a oportunidade de enterrarmos a PEC da morte. assim como muitos, fiz um apelo público ao companheiro que assim o fizesse.

Contrariando às expectativas gerais, o senador Jorge Viana recusou-se a assumir antes da decisão definitiva do STF. Mais ainda, assinou a decisão da mesa mantendo Renan na presidência. Um gesto de coragem diante da possibilidade de o Senado Federal se ver subjugado e desmoralizado por uma decisão arbitrária.

Ao se manter na condição de vice-presidente do Senado, aguardando a decisão definitiva do Supremo, Jorge Viana demonstrou ser um politico prudente, leal, responsável e honrou a condição de defensor da instituição que representa. Mais que isso, deu um tapa de luva naqueles que - como Temer e porque não dizer, o próprio Renan - fazem da política o território do oportunismo, da traição e do vale-tudo para chegar ao poder.

O final da história todos conhecem. E a emenda foi pior que o soneto. Temendo ver seu plano de votar a toque de caixa a PEC 55, Temer entra em campo e negocia o acordão, uma verdadeira negociata. Adeus lei do abuso de autoridade, adeus limitação dos supersalários do judiciário. Votemos a PEC da Morte. E viva o povo brasileiro! Pequenos saem Temer,Renan e seus aliados. Quanto ao Jorge, foi digno.