Tarcísio de Freitas: a segunda besta do apocalipse social brasileiro
A marcha para Jesus trouxe uma profecia que anuncia o final dos tempos para o país
E eu pus-me em frente a tela da televisão e vi adentrar ao palco uma besta que tinha uma cabeça oca e um coração cheio de ódio, violência e preconceito. Sobre o seu coração uma falsa bandeira de patriotismo, e sobre a sua oca cabeça um nome de infâmia: Mito. E a besta que via era semelhante a um jumento, e os seus pés, como os de cavalo, e a sua boca, como a de asno; e o povo deu-lhe o seu voto, e a sua confiança e toda autoridade. E vi sair de sua cabeça oca a ideia de uma facada de morte, onde a sua chaga mortal seria curada e todo o país ficaria maravilhado com a besta. E adoraram o golpe que deu à besta o seu poder, e adoraram a besta dizendo: “Eis o nosso mito! Eis o nosso salvador! ” E foi-lhe dada uma boca para mentir, zombar da morte de pessoas e proferir grandes absurdos. E deu-se-lhe poder para continuar por quarenta e oito meses. E abriu a sua boca de asno em ofensas contra os mais pobres, pretos, indígenas, mulheres, homossexuais, e até contra Deus, se dizendo enviado por ele. E foi-lhe permitido declarar guerra à oposição e fuzilá-la; e deu-se-lhe poder para armar a população e fazer todas as minorias se renderem. E adoraram-na todos os cidadãos de bem que se dizem cristãos e defensores da família tradicional, da moral e dos bons costumes. Mas se alguém tem ouvidos ouça: “Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se alguém matar à espada, é necessário que pela espada seja morto. ”
E vi subir ao palanque de uma marcha outra besta, e tinha dois olhos semelhantes aos da morte; e falava como a cobra. E pretende exercer todo o poder da primeira besta na sua presença e fazer com que o país e muitos que nele habitam sigam adorando a primeira besta, cujo suposto evento de Juiz de Fora foi curado e os crimes cometidos não foram punidos. E faz grandes sinais, pregando a palavra de Deus feito um pastor, de maneira que até bênçãos faz descer do céu, à vista daqueles que se seduzem por sua aparência e discurso. E governa os que habitam em sua cidade com sinais que lhe foi ordenado que fizesse em louvor a ideologia da primeira besta, dizendo a eles que a primeira besta estava certa, e que façam uma imagem a ela que havia sido ferida sem jorrar uma gota de sangue e ainda estava viva entre eles. E lhe foi concedido que mantivesse viva a imagem da primeira besta, para que também ela fizesse que fossem mortos por sua polícia violenta, abusiva e assassina, todos os que não se enquadrarem no padrão estabelecido pela besta como cidadãos de bem. E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal evangélico neopentecostal na mão direita ou na testa, para que ninguém possa ir e vir, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome.
Que haja sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, porque é o número de mortes, físicas e existenciais, que ela já provocou e ainda irá provocar com sua necropolítica liberal e teocrática.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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