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    Afrânio Tadeu Boppré

    Afrânio Tadeu Boppré é Doutor em Geografia Urbana, economista, professor, vereador do PSOL em Florianópolis, ex-presidente nacional do partido e presidente da Frente Parlamentar da Tarifa Zero na Câmara Municipal.

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    Tarifa Zero Já!

    A gratuidade do transporte não beneficia somente o usuário. Na prática, todos ganham. Faz girar a economia, transfere renda e promove o bem estar social

    É real, urgente e necessário adotar o transporte público como uma necessidade básica, assim como é a saúde e educação (Foto: Jefferson Lima)

    Está tramitando na Câmara Federal a PEC 25/2023, que visa implantar o Sistema Único de Mobilidade (SUM). A proposta, liderada pela deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP), pretende criar condições para viabilizar a Tarifa Zero no transporte coletivo, como já acontece em vários municípios do Brasil e em outras partes do mundo.

    O acesso ao transporte viabiliza outros direitos como saúde, educação e lazer, que não podem ser cerceados por falta de condições financeiras dos usuários. É daí que decorre a necessidade de se garantir um sistema universal de transporte, sem cobrança direta do usuário. Por isso, afirmo que a Tarifa Zero é o SUS da mobilidade urbana.

    Vivemos, inclusive, um ciclo vicioso no qual a baixa qualidade e os elevados custos do transporte público conduzem os usuários para formas alternativas. Consequentemente, a perda de passageiros no sistema leva ao aumento tarifário. O aumento da tarifa, por sua vez, joga os usuários para fora do sistema de transporte coletivo e assim sucessivamente.

    Devemos considerar que investimentos voltados para o automóvel, como infraestrutura (elevados, pontes, binários, duplicação de faixas, manutenção da malha viária, sinalização, guardas de trânsito etc...), oneram sobremaneira o poder público. Além disso, acidentes com mortes e mutilações sobrecarregam o sistema de saúde. O atendimento com doenças pulmonares decorrentes do CO2 e a crise climática também precisam ser considerados nessa conta. Ou seja, o atual modelo consome muitos recursos que poderiam ser realocados para a Tarifa Zero.

    O modelo de financiamento universal já acontece em serviços como escola pública, creches, saúde, coleta de lixo e iluminação pública, onde o custo total é dividido e rateado por todos e não somente por quem diretamente usufrui. A Tarifa Zero é a extensão desse modelo para o transporte coletivo.

    É enganoso pensar que a Tarifa Zero beneficia somente o usuário direto. Na prática, todos ganham. A Tarifa Zero faz girar a economia, assegura acesso à educação, produz transferência de renda e, em última instância, promove o bem estar social. A Tarifa Zero é a forma justa e inteligente de uma revolucionária política pública!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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