Tempos de Luta
"Diante do caos e das mortes que se aproximam devemos lutar com todos os meios contra não um governo, mas contra toda uma sociedade doente e racista"
Há uma constante de exploração, invisibilização, subalternação, criminalização e genocídio da população negra, na história brasileira. Ao longo dos séculos nossa reação e insurgência se amoldou a diferentes táticas para o fim da libertação do povo negro, sem deixar de inserir os nefastos crimes contra povos e comunidades tradicionais de matrizes africanas, conhecidos como povos de terreiros (umbanda, candomblé) e outras variantes de crença e fé dos descendentes de africanos.
Frente à sistemática racista, temos nos organizado nos terreiros, nas favelas urbanas, nos quilombos rurais e nas prisões. Vivos e vitais!
Sobrevivemos a inúmeras epidemias durante todo a história do ‘atlântico negro’ a própria travessia nos provou. Nem toda a doença organizada por uma sociedade patológica pode consumar seu genocídio.
Contudo, hoje, mais um nome virulento nos coloca em alerta. Trata-se da Covid-19 e seus reflexos sobre as decisões políticas hodiernas. No Brasil, o esperado, à frente da presidência da república um oligofrênico vil e cruel, com seus pronunciamentos e decisões colocam em riscos graves toda a população negra brasileira. Em fala do próprio presidente “nas favelas e comunidades o comércio está a todo vapor”, ou seja, as medidas acautelatórias adotadas não atingem os estratos mais hipossuficientes da população que conforme o mesmo dignitário acéfalo “precisam escolher entre morrer de fome ou pelo coronavírus”, tal estado de coisas promove o amplamente notório. Não contamos e não podemos esperar contar com ações do Estado brasileiro na resolução dos problemas que quando não agravam eliminam nossas existências.
Urge a luta por todos os meios necessários contra o estado genocida que escarnece, zomba, desonra, aprisiona, nos adoece e nos mata.
Obviamente que a população negra será a mais afetada pelo avanço da pandemia, pois fomos adoecidos por meio de políticas públicas precárias e precarizadoras. Assim como ocorre nos Estados Unidos, onde a população negra é a mais afetada, será aqui também, com uma diferença; o número dos mortos aqui será maior pois somos umas das maiores populações negras do mundo. A omissão do Estado brasileiro não é um fato novo.
Somos nós por nós essa é a consciência que teremos que ter nesse momento, e diante do caos e das mortes que se aproximam devemos lutar com todos os meios contra não um governo, mas contra toda uma sociedade doente e racista.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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