Torta Capixaba

Há alguns anos um amigo – chamaremos de A - me procurou para pedir minha ajuda. Ele tinha um amigo - B -    que estava tentando implantar um projeto econômico na sua região. Mas para isso dependia que determinada empresa resolvesse o que iria fazer com um subproduto de sua produção. O presidente dessa empresa era C, um amigo meu.  

Bem, resumindo, houve um jantar onde todos se encontraram, explicaram suas ideias e encaminharam uma solução. Bem, não deu certo. Algum tempo depois a empresa aceitou um novo grupo como sócio e este tinha ideias próprias sobre o tema. 

Recentemente meu amigo C precisava se informar sobre determinado tema. Me pediu para fazer contato com B e armar um almoço. Tentei durante meses, até que cansei.  B não queria falar com meu amigo, isso ficou evidente, mas não disse isso. Como a maioria dos brasileiros, nunca diz não.  Um assunto que poderia ter sido resolvido em minutos, demorou meses até ser descartado. 

 Uso este caso para falar de outro caso em que falta um não: a Moqueca Capixaba. Não se trata apenas do dendê. Prato tradicional do litoral de água mais fria que vai de búzios até Salvador. É um ensopado de peixe –mais ou menos nobres – servido com um caldo de farinha de mandioca, o pirão e arroz branco. Prato forte, semelhante a  bouillabaisse francesa, vai bem em dias frios. Mas a beira mar, num dia quente, é suicídio. 

Portanto NÃO existe moqueca capixaba, o que temos é moqueca. Dendê é decisão pessoal. 

Pensando um pouco adiante, os capixabas têm os direitos autorais da maravilhosa Torta Capixaba, leve e saborosa. Ideal para almoçar a beira da praia. Reúne tomates, cebolas, carne de siri, camarões miúdos, bacalhau e claras em neve. Não leva nenhuma farinha, o que lhe dá a leveza dos anjos. 

Defendo a clareza, defendo a verdade, afinal “... ela vos libertará” (João 8:32)