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    Aquiles Lins

    Aquiles Lins é colunista do Brasil 247, comentarista da TV 247 e diretor de projetos especiais do grupo.

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    Trump condenado nos EUA facilita condenação de Bolsonaro no Brasil

    "Principal articulador e beneficiário do fracassado golpe de 8 de janeiro de 2023, Bolsonaro segue solto. Joga com o tempo a seu favor", diz Aquiles Lins

    Donald Trump e Jair Bolsonaro (Foto: Reuters | PR)

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    O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump foi condenado por um tribunal de Nova York por fraude contábil, ao ocultar um pagamento de US$ 130 mil à atriz pornô Stormy Daniels durante a eleição presidencial de 2016. Segundo a decisão unânime dos jurados, Trump pagou propina à atriz para encobrir a relação dos dois, para que o assunto não interferisse em sua campanha eleitoral vitoriosa. Trump foi declarado culpado em todas as 34 acusações pelos 12 membros do colegiado. Com a decisão judicial, cuja sentença sai em julho, Trump se torna o primeiro ex-presidente estadunidense a perder seu réu primário e ser condenado por um crime.

    Diferentemente do Brasil, mesmo condenado, Donald Trump poderá disputar a eleição e governar, se vencer, inclusive se estiver preso. O extremista republicano, que ainda tem outros processos contra ele na Justiça, utilizou a condenação como peça de campanha, servindo para aumentar a arrecadação de dinheiro, bem como para insuflar seus eleitores a radicalizar a disputa contra o presidente Joe Biden. 

    A condenação deste importante integrante da extrema-direita internacional cria macro condições políticas para que o extremista brasileiro Jair Bolsonaro também seja responsabilizado pelos crimes que cometeu por aqui. Principal articulador e beneficiário do fracassado golpe de estado em 8 de janeiro de 2023, Bolsonaro segue solto. Joga com o tempo a seu favor. Embora esteja inelegível, mantém comunicação frequente com seus apoiadores e influi em votações no Congresso por meio da bancada do PL e outras siglas ligadas à extrema-direita. 

    Em março deste ano, a Polícia Federal indiciou Bolsonaro, seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outras 15 pessoas sob suspeita de fraudar dados de vacinação contra a Covid-19. É o primeiro a ser enviado ao Judiciário no âmbito do inquérito das milícias digitais.Duas outras frentes de investigação, que também fazem parte deste inquérito, ainda estão em andamento, e a expectativa é que sejam concluídas e apresentadas ao STF até o meio deste ano. Uma delas investiga a venda ilegal de presentes oficiais, como joias valiosas, recebidas por Bolsonaro de autoridades estrangeiras, enquanto a outra apura a tentativa de golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição de 2022.

    A extrema-direita se tornou uma organização transnacional que mantém fortes conexões entre seus integrantes, agindo de maneira coordenada e seguindo padrões de atuação. Esta primeira condenação de Donald Trump, ainda que por um crime considerado de menor gravidade, é uma resposta institucional que abre precedente para julgamentos e condenações de outros crimes cometidos por ele. Pode servir de contorno, impondo limites à atuação do extremismo. No caso do extremista brasileiro, as instituições do Judiciário devem agir com celeridade, julgar e punir os crimes de Bolsonaro, levando-o à prisão como medida exemplar de que, por aqui, lugar de fascista é atrás das grades. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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