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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”. https://noticiariocomentado.com/

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Trump e a distopia patrocinada por Elon Musk

Tudo que envolve a eleição de um negacionista climático, misógino, racista, xenófobo e criminoso à Presidência dos EUA reveste-se de relevância global

Donald Trump em Michigan, EUA, 1/11/2024 (Foto: REUTERS/Brian Snyder)

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Todos os cientistas e analistas políticos, economistas e palpiteiros já escreveram sobre a segunda eleição de Donald Trump. Todas as projeções sobre os prováveis efeitos da catástrofe eleitoral para o mundo - especialmente para o meio ambiente - e os impactos sobre a economia brasileira já foram feitas, sendo boa parte delas pertinente, algumas bastante ingênuas, outras tantas mal-intencionadas. Quanto ao seu potencial de reverter perante o Judiciário brasileiro a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, as análises patéticas predominaram.

A Folha de S. Paulo chegou ao cúmulo de uma entrevista com o capitão débil e golpista, na qual ele externou mais uma vez sua crença na “vira-latice” do Brasil e chegou a apontar o nome do seu candidato a vice-presidente em 2026, o escorregadio Michel Temer (o vampirão, logo em seguida, descartou a hipótese), a quem também incumbiu de providenciar junto ao STF alguma maneira de recuperar seu passaporte para que compareça ao regabofe de Trump.

Tudo que envolve a eleição de um negacionista climático, mentiroso, supervaidoso, misógino, racista, xenófobo e criminoso à Presidência dos Estados Unidos reveste-se de relevância global. Porém, nada é mais grave do que sua proximidade com Elon Musk.

Musk encarna a figura do empresário megalômano que quer dominar o mundo, subjugando os povos à sua corporação, como nas histórias de James Bond, pretensamente patrocinando até a vida humana extraterrestre. Essa figura poderosa e delirante está perfeitamente retratada no filme “Não Olhe para Cima”, de 2021, dirigido por Adam McKay, do qual muito se falou na época do lançamento.  É fácil enxergar o dono da SpaceX no CEO da startup que convence a presidente americana de que a destruição parcial da Terra, a ser abalroada por um cometa, pode ser lucrativa. Como a destruição, na hora H, mostra-se total, leva-a junto com um pequeno grupo para saborear as delícias da fortuna em outro planeta.

Vale rememorar o que dissemos de “Não Olhe para Cima” tempos atrás. O filme é um deboche sobre os negacionismos que infestam o mundo, como o de Donald Trump e Jair Bolsonaro. Deve muito do seu sucesso ao carisma dos atores e das atrizes escolhidos - Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Cate Blanchett, Jonah Hill. 

Tão oportuno quanto a crítica ao negacionismo, à política exclusivamente eleiçoeira e ao domínio sobre a vida na Terra exercido pelas gigantes de tecnologia é o ataque de McKay  à mídia, que se revela um antro de debilóides, incapazes de mensurar a gravidade da situação: o iminente fim do mundo. 

O cinema engajado merece aplausos, especialmente quando retrata distopias possíveis. Ocorre que, com a eleição de Donald Trump e sua ligação umbilical com Elon Musk, o mundo está diante de uma tragédia mais que possível - uma tragédia provável.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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