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Eduardo Guimarães

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Trump é a única esperança do bolsonarismo

"A possível eleição de Donald Trump levantaria qualquer barreira de contenção ao inconformismo da caserna com a vitória da democracia", diz Eduardo Guimarães

Trump e Bolsonaro (Foto: Alan Santos/PR)

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6 de janeiro de 2021, apoiadores de Donald Trump atacaram o prédio do Capitólio, a sede do Congresso dos Estados Unidos, para impedir Joe Biden de ser presidente. Quatro pessoas morreram naquele dia.

A seguir, a ordem cronológica da ação da extrema-direita norte-americana que seria imitada no Brasil dois anos e dois dias depois.

1. O começo da manifestação

10h50: Apoiadores de Donald Trump se reuniram em um parque perto da Casa Branca. O tema do encontro era “Salvem os EUA”. Rudy Giuliani, um dos advogados de Trump, pediu para que a multidão se envolvesse em um “julgamento por combate”.

2. “Lutem como o diabo”

12h: Donald Trump começa seu discurso. Ele repete mentiras sobre a eleição ter sido roubada e diz aos seus apoiadores que eles devem “lutar como o diabo”.

3. O Congresso começa a sessão

12h53: Legisladores (senadores e deputados) se reúnem para uma sessão conjunta do Congresso para certificar a vitória eleitoral de Joe Biden. Eles superam as objeções de alguns legisladores do Partido Republicano.

Do lado de fora, uma primeira leva de apoiadores de Trump chega perto do prédio onde os congressistas estavam reunidos. Eles derrubam as barricadas que protegiam o perímetro e gritam contra os policiais.

4. Mike Pence rejeita os pedidos de Donald Trump

13h02: O vice-presidente Mike Pence, que tinha o mandato para certificar a vitória de Biden, divulga uma carta na qual deixa claro que ele não vai alterar os resultados das eleições, como Trump havia pedido.

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5. A polícia é dominada

13h30: Após o discurso de Trump, milhares de manifestantes se dirigem ao prédio do Congresso. Uma multidão domina os policiais nas escadarias do edifício. Os policiais são obrigados a recuar.

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6. Prédio do Congresso é invadido

Manifestantes pró-Trump invadem o Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021.

14h12: Os manifestantes entram no prédio, inicialmente, atravessando janelas quebradas, no piso inferior ao do salão onde o Senado conduzia uma sessão.

7. Retirada apressada

14h12: Agentes de segurança retiram Mike Pence do Senado e o levam a um gabinete próximo. O senador Charles Grassley interrompe a certificação da eleição.

8. O policial solitário

14h14: Eugene Goodman, um policial que trabalhava no prédio e que estava sozinho, entra em confronto com manifestantes que estavam subindo a escadaria que dá acesso a duas entradas a câmaras do Senado. Goodman consegue fazer com que a multidão não se dirija ao salão, e, assim, os legisladores ganham tempo para se proteger, e os outros policiais conseguem trancar as portas.

9. Trump reaparece

14h24: No Twitter, Trump critica Mike Pence. Para o ex-presidente, seu vice não teve coragem para fazer o que era necessário.

10. Momento fatal

14h44: Uma das manifestantes, Ashli Babbitt, tenta atravessar uma porta que estava

fechada para ter acesso a uma área conhecida como o lobby do discurso. Um policial dispara um tiro, e ela morre.

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11. “Continuem pacíficos”

15h13: A televisão mostrava ao vivo o ataque. Trump diz a seus apoiadores para cederem. Ele escreve: "Estou pedindo que todos no Capitólio dos EUA permaneçam em paz. Sem violência!"

12. “Vocês são muito especiais”

16h17: Depois de horas de violência, Trump divulgou um vídeo no qual ele pede para que os manifestantes voltem para casa. No entanto, ele também diz: “Nós amamos vocês, vocês são muito especiais”. Ele então repete mentiras sobre a eleição.

Trump pede para apoiadores irem para casa

13. A Guarda Nacional chega

17h30: Os primeiros agentes da Guarda Nacional chegam, mas a essa hora, quase toda a violência havia terminado.

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14. Prédio seguro

20h: A polícia do Congresso decretou que o prédio estava seguro. Poucos minutos depois,

15. Democracia prevalece

3h40: Na madrugada do dia seguinte, Pence conclui o processo de certificação dos votos. Ele confirma que Biden havia vencido as eleições.

Em 11 de novembro de 2016, este que vos fala escreveu um artigo premonitório. O título portava um ponto de interrogação, mas era uma afirmação. Confira, abaixo, a íntegra o texto publicado há quase 8 anos no Site que edito:

Trump pode nos causar um Bolsonaro?

https://blogdacidadania.com.br/2016/11/trump-pode-nos-causar-um-bolsonaro/

As coincidências entre Donald Trump e Jair Bolsonaro podem parecer muitas ou poucas, a depender do ângulo que se olhe. É muito difícil, porém, desprezar as coincidências, porque, à exceção da grana, são muitas. E não se resumem aos topetes esquisitos.

De qualquer forma, se a história recente nos ensina alguma coisa sobre geopolítica é que continentes encerram ondas político-ideológicas em direção similar.

Hugo Chávez precedeu Lula, que precedeu Néstor Kirchner, que precedeu Tabaré Vázquez, que precedeu Evo Morales, que precedeu Rafael Correa, que precedeu Fernando Lugo e Barack Obama, assim como Maurício Macri precedeu Donald Trump, que, por essa ótica, precederia algum direitista na Venezuela, na Bolívia, no Equador e, em 2018, no Brasil, algo parecido com Trump.

Seja como for, Michel Temer não entra na equação do “endireitamento” das Américas porque não venceu uma eleição como presidentes dos outros países, apenas deu um golpe.

No momento, porém, a maior preocupação é Donald Trump. O grande risco é ele fazer um governo que, em um primeiro momento, gere aprovação e repercussões de que o temido magnata louco, na verdade, estaria se tornando um bom presidente.

Trump assumirá um país em franca recuperação. Se algumas medidas protecionistas e demais artifícios de curto prazo renderem algum aumento de renda e bem estar temporários aos norte-americanos, a mania da América Latina de mimetizá-los pode lhe empurrar coisas parecidas com o novo presidente dos Estados Unidos.

Em princípio, apesar de Bolsonaro aparecer com intenções de voto significativas em simulações da disputa presidencial de 2018 (sondagens recentes mostraram-no com até 8% de intenções de voto), há um desses consensos que me assustam que diz que, assim como diziam de Trump, “não há risco” de o gorila brasileiro se eleger.

O fato de Trump e Bolsonaro serem ridículos e politicamente incorretos em uma atividade como a política, em que ser cuidadoso com o que se diz seria mais lógico, não impediu o norte-americano de contradizer todas as minimizações do risco de se eleger.

Ora, dizer barbaridades é a principal semelhança entre o boquirroto tupiniquim e o ianque, mas está longe de ser a única. A visão de mundo dos dois é extremamente parecida.

E as chances? Bem, o que elegeu Trump não foi a sua fortuna, de modo que Bolsonaro não ser bilionário não o impede de se beneficiar do fenômeno norte-americano. Na verdade, pode até facilitar um pouco a vida do nosso obtuso candidato a déspota.

A história está repleta de exemplos de figuras folclóricas como Trump ou Bolsonaro que ascenderam ao poder por não terem sido levadas a sério. Hitler é só a face mais visível desse fenômeno.

O ditador nazista ou o candidato a ditador ianque poderiam ter sido contidos se tivessem sido levados a sério quando tentaram voos mais altos. Os conceitos do alemão e do norte-americano sobre inferioridade “racial” e cultural os unem indelevelmente a Bolsonaro.

Que os doutores da política e do savoir faire de tudo abram os olhos para essa ameaça ambulante chamada Jair Bolsonaro. O topete dele pode ser apenas a primeira de muitas coincidências com o homólogo norte-americano.

Oremos."

2024, março. Os 9 juízes da Suprema Corte dos Estados Unidos decidiram, nesta 2ª feira (4.mar.2024), que o ex-presidente Donald Trump pode disputar as primárias republicanas no Estado do Colorado e a eleição para a Casa Branca.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump venceria o atual mandatário do país, Joe Biden, em uma nova disputa entre os dois pela Casa Branca em 2024. É o que revela a nova pesquisa nacional do Wall Street Journal, divulgada neste sábado (9).

Numa escolha entre Trump e Biden, 47% dos eleitores registados nos EUA dizem apoiar Trump e 43% votariam em Biden, com 10% de indecisos.

2023, 21 de junho. (O Estado de São Paulo) O governo dos Estados Unidos capitaneou uma campanha silenciosa junto a líderes políticos e militares brasileiros para frear a tentativa de um golpe de Estado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A missão envolveu membros da CIA, do Departamento de Estado, do Pentágono, da Casa Branca e das Forças Armadas norte-americanas, segundo reportagem publicada nesta quarta-feira, 21, pelo jornal britânico Financial Times.

Na prática, tratou-se de uma campanha de mensagens “bastante incomum”, segundo descreveu um ex-integrante da alta cúpula do Departamento de Estado ao jornal. A ação foi endossada por pessoas próximas a Bolsonaro, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o então ministro da Infraestrutura e atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), e o então vice-presidente e atual senador, Hamilton Mourão (Republicanos-RS).

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente Lula; petista visitou os EUA em maio

De acordo com a publicação, os esforços começaram a partir da visita ao Brasil de Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em agosto de 2021. A autoridade ouviu do então presidente Jair Bolsonaro contestações de fraudes às eleições norte-americanas de 2020, em que Donald Trump saiu derrotado. A missão ganhou força após a reunião de Bolsonaro com embaixadores, em julho de 2022, vésperas do pleito eleitoral no País. Na ocasião, o presidente voltou a desacreditar as urnas eletrônicas aos diplomatas e reiterou a necessidade de eleições “limpas” e “transparentes”.

Em nota após o encontro com os embaixadores, que hoje está na mira do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os EUA afirmaram estar confiante que o sistema eleitoral brasileiro vai refletir a vontade do povo. “As eleições brasileiras servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo”, disseram.

Outros reforços foram feitos, de acordo com o Financial Times, pelo secretário de defesa Lloyd Austin, que disse em visita ao Brasil que as forças militares e de segurança precisam estar sob “forte controle civil”; pelo chefe da CIA, William Burns, que disse ao governo Bolsonaro para não mexer com as eleições; e pelo general Laura Richardson, chefe do Comando Sul dos EUA.

Havia muita preocupação, por exemplo, com o então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, um dos militares mais aliados a Bolsonaro. Os Estados Unidos ameaçaram romper todos os acordos militares com o Brasil caso as Forças Armadas embarcassem na tentativa de golpe.

2024, 5 de março. A possível eleição de Donald Trump levantaria qualquer barreira de contenção ao inconformismo da caserna com a vitória da democracia. Como escrevi há oito anos: oremos.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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