Trump quer impor a diplomacia da força e do medo à América Latina
A resposta dos povos da região deve ser a unidade, integração, soberania e cooperação no âmbito de suas organizações multilaterais
Por José Reinaldo Carvalho - No início do seu segundo mandato à frente da Casa Branca, o presidente Donald Trump já transmitiu inúmeras mensagens de que será um ativista dedicado a uma política externa contrária a todos os princípios do multilateralismo e do Direito Internacional, ignorando direitos consagrados e as mais elementares noções de respeito, diálogo e cooperação. Os seus primeiros pronunciamentos são declarações ameaçadoras e as ordens executivas teatralmente emitidas contra países latino-americanos como México, Cuba, Colômbia e Brasil, representam um retrocesso preocupante na política internacional e um ataque à soberania dessas nações.
O ocupante da Casa Branca tem recorrido a uma retórica agressiva, tratando os países latino-americanos como inimigos ou meros instrumentos para a realização dos seus próprios interesses estreitos.
A proposta de mudar o nome do Golfo do México não é apenas um golpe de marketing ou uma patriotada para agradar as mentes doentias dos supremacistas norte-americanos. Representam uma alusão ao que ele poderá vir a fazer contra a grande nação mexicana, que em outros momentos já foi usurpado pelos colonialistas ao norte.
As ameaças de impor tarifas comerciais abusivas a países como Colômbia e Brasil menoscabam a dignidade dessas nações, passam por cima da complexidade das relações hemisféricas e da importância da cooperação regional.
No caso do México, a insistência de Trump em culpar o país pela imigração irregular e pelo tráfico de drogas, sem reconhecer os esforços do país e acordos bilaterais já em andamento, demonstra uma visão unilateral, simplista e estereotipada de um problema multifacetado. Sua concepção imperial e neocolonialista mostra-se contrária a uma abordagem construtiva e conjunta, baseada na confiança mútua em busca de soluções abrangentes e inclusivas.
Em relação a Cuba, as ordens executivas de Trump agravam as sanções e o bloqueio que afetam duramente a população cubana. A insistência em pôr Cuba numa infame e espúria lista de “países patrocinadores do terrorismo” é o prenúncio de medidas duras e agressivas contra o povo altaneiro, resistente e revolucionário da maior das Antilhas, do aumento das políticas de coerção, visando a estrangular a economia do país, criar uma situação socialmente insustentável com a finalidade de fomentar a subversão contrarrevolucionária pela derrocada do socialismo.
Quanto à Colômbia, Trump tentou impor medidas indignas e ofensivas aos direitos humanos. Foi forçado a um recuo diante da reação soberana do presidente Petro, mas a sinalização foi dada.
Trump também ameaçou impor tarifas ao Brasil, aludindo à adesão do país às políticas comerciais e monetárias do BRICS e chegou a classificar o gigante do Cruzeiro do Sul como integrante de um grupo de países “que querem mal aos Estados Unidos”. Seu entorno político já deu demonstrações de que usará o fascista Javier Milei como agente provocador no Cone Sul, contando também com o bolsonarismo como força de reserva. Mas o Brasil já deu também seu recado mostrando a Trump e ao mundo que é de bom alvitre não o tratar como país irrelevante e predisposto à subordinação e subserviência.
A política do medo e a diplomacia da força serão mais dia, menos dia, condenadas. A América Latina não é um quintal dos Estados Unidos, mas uma região em que prevalecem os sentimentos patrióticos e uma visão política de cooperação, unidade e integração.
Em face de tudo isso, ganham relevo as articulações multilaterais e integradoras da região, designadamente a Alba/TCP (Aliança Bolivariana da América/Tratado de Comércio entre os Povos e a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos.
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