Um ciclo de horrores: uma tragédia sem limites
O lado humanista tem o que dizer a esse respeito e não se calará.
No decorrer da II Grande Guerra, quando já se inclinava para o fim, Franklin Delano Roosevelt, o Presidente dos Estados Unidos, desenvolveu importantes reflexões sobre maneiras de evitar a repetição dos horrores travados. A Liga das Nações não se revelara suficiente. Em seu lugar, concebeu uma organização de nações unidas para, com muita discussão, criar mecanismos de paz e de contenção de conflitos.
O lúcido mandatário faleceu antes do encerramento do estado de beligerância, sendo substituído por alguém sem a mesma dimensão de estadista, um falcão, digamos assim, na política local e internacional. Conflagrações de diversas naturezas, e diferenças entre antigos aliados, atirou-nos outra vez no meio de um mundo dilacerado, com fortes disputas de poder. As hipóteses de Roosevelt giravam em torno dos conceitos de horror, como se a humanidade, cansada de vivê-los, devesse caminhar de repente em novas direções. Em medidas paralelas, a arte, igualmente, trabalhou com a ideia de expor a catástrofe imaginando com isto, com a própria exibição, prevenir as pessoas de se repetirem perigosamente. Guernica é um exemplo. Com seres e figuras retorcidas, reproduziu os bombardeios nazistas na cidade espanhola, de tal maneira que, mesmo quem se encontrava dentro de quilômetros de distância avaliasse a gravidade do que aquilo significou. Os sonhos de Roosevelt não se realizaram.
Logo depois o falcão que o sucedeu não hesitou em jogar duas bombas atômicas sobre o Japão provocando a morte de civis e devastando a região por 50 anos de radiação... A história, vista sob tal aspecto, contém o desígnio oculto de nos habituar ao terror. Guerras localizadas se sucederam aqui ou ali, com ou sem o aval do Conselho de Segurança da ONU. Realmente, é como se uma superfície dura e resistente nos encobrisse a sensibilidade, pois, entre nós ou nos Estados Unidos, nada se efetuou de eficaz contra a lógica da crueldade para submeter adversários. O Oriente Médio, com resiliente apoio da Casa Branca e o uso de armamentos pesados contra palestinos tem se exibido como o mais novo palco de horrores, em que homens fortes, bem nutridos e armados oprimem a população árabe com a tarefa de eliminar do cenário os restos daquela gente. Trata-se de uma força militar que não hesita diante de nada. Assassina velhos, mulheres e crianças, apesar do clamor internacional.
Numa tragédia sem fim, com um orgulho de encher os pulmões, o governo israelense dá de ombros para o isolamento internacional onde se emparedou, gritando ainda de indignação pela sucessão de rompimentos que lhe prejudicam os interesses comerciais, econômicos e culturais. Fala-se em crescimento do antissemitismo, como se o holocausto do período nazista servisse para sempre de passaporte para a impunidade e a indignidade. O Brasil, saindo à frente na condenação dos fatos, retirou de Tel Aviv o seu embaixador, dando a entender que já não aceitará medidas de humilhação vindas de Netanyahu. Falta um passo a mais, com o puro e simples rompimento de relações.
Neste ambiente planetário que é o nosso, defensores da destruição total imaginam que possuem força para levar seus esforços até o fim. Pode ser que sim. Mas também é verdade que o lado humanista tem o que dizer a esse respeito e não se calará. Sabe-se que no plano da política, há situações que parecem intermináveis quanto ao aspecto da opressão. No entanto, limites também se levantam. Pode ocorrer que o NÃO em uníssono de repente cumpra o seu papel, com ou sem o aval de Biden, com os estudantes nas ruas e uma eleição no horizonte. Criminosos de guerra como Netanyahu, queiram ou não, tem os seus dias contados.
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