Um passado em cinzas de um país sem história e fundamentos para mudanças
Recuperar os patrimônio perdido? Ledo engano. Trata-se de um patrimônio irrecuperável hoje traduzido por cinzas. Sua reconstrução se implementada não terá o DNA da nossa história absolutamente perdida e irrecuperável
Em 2013 o Mercado Modelo de Porto Alegre, em 2015 a Estação da Luz em São Paulo, em 2018 o encantador Paço Imperial de São Cristóvão no Rio de Janeiro.
E assim uma história de muitas lutas e poucas glórias vem esmaecendo diante de um povo já em grande porção despido de cultura e ignorante de sua história.
Uma edificação que vai muito além da sua suntuosidade arquitetônica, mas que atravessou o interregno do Império, da República Velha, o Governo Vargas, duas ditaduras. Que perseverou até o contemplar da ânsia por redemocratização, e vem a sucumbir em pleno Estado Democrático de Direito que navega em um de seus mais tristes momentos de ausência lucidez e profunda desesperança. Justamente no período que a democracia parece mais combalida e intimidada por um poder atroz, egocêntrico e desencantado. Não teria chegado a hora de enfrentarmos a mentira que chamamos de democracia para de fato construirmos uma democracia de verdade?
Sinais catastróficos por vezes demarcam momentos, viradas, mas será que o povo brasileiro estaria preparado para proposição de mudanças com um mínimo de discernimento exegético? Não estou nada esperançoso.
Cada vez mais um povo sem identidade onde a história cada vez poderá ser menos comprovada e demonstrada para as futuras gerações. Cada vez mais nos parece que estamos fadados não só a pobreza econômica, mas a cultural e a humana à passos de Guepardo, voos de gavião-peregrino.
Se não tínhamos uma história tão distintiva e grandiosa para contar como outras nações, tínhamos a nossa história e dela necessitaríamos para nos compreendermos, passo inicial para qualquer alteração de rumo e implemento de uma nova história que um dia poderia ser contada, quiçá de mais glórias. Lamentavelmente um país sem história, sem identidade, é um país incapaz de encarnar um processo civilizatório sustentável, uma Nação que tão apenas pensa egoisticamente na mais-valia do seu presente em benefício de poucos, e renega a luta dos seus precursores que escreveram as nossas histórias às cinzas do esquecimento, não poderá acreditar em um futuro de luz e esperança para os seus filhos.
Assim que segue nossa sina em acreditar em promessas e mentiras por nossa mais profunda incapacidade de modificar de forma sustentada uma história que cada vez mais desconhecemos por incapacidade e inoperância de muitos e incompetência egoística devastadora de poucos que nos gestionam e sugestionam, nos enganam.
Recuperar os patrimônio perdido? Ledo engano. Trata-se de um patrimônio irrecuperável hoje traduzido por cinzas. Sua reconstrução se implementada não terá o DNA da nossa história absolutamente perdida e irrecuperável, tão apenas mais um amontoado de recursos públicos advindos que serão superfaturados de um povo hipossuficiente que luta contra suas misérias contra a indignidade de um dia seguinte de incertezas de onde se dará o fim, se tomado pela fome, sucumbido em uma fila hospitalar ou aniquilado por um tiro direcionado ou perdido.
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