Um pequeno passo, um longo caminho à frente
A reeleição do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ao cargo de presidente do Senado Federal e Congresso Nacional, nesta quarta-feira (1º), pode ser considerada uma vitória da democracia contra o terrorismo golpista de extrema-direita, representada pela candidatura do senador Rogério Marinho (PL-RN). Essa é apenas uma das leituras do fato. Outra análise se refere a mais uma derrota política importante do ex-presidente Jair Bolsonaro, que vem colecionando fracassos desde o primeiro turno das eleições presidenciais.
Bolsonaro perdeu o primeiro turno das urnas, em 2022, para o então candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que voltaria a vencê-lo no respectivo segundo turno, ocorrido no derradeiro dia 30 de novembro. Antes mesmo da segunda derrota eleitoral para o atual presidente Lula, Bolsonaro começou a ser vencido em várias supostas tentativas de executar um golpe de estado, com o objetivo de entronizar-se como espécie de monarca absolutista do Brasil. Ao que parece, faltou-lhe o necessário apoio das Forças Armadas.
Quando não faltou apoio militar – ainda que tácito –, sobrou-lhe iniciativas estúpidas. É o caso da reunião com embaixadores estrangeiros, que, perplexos, assistiram a depoimento de Bolsonaro no qual as urnas eletrônicas são fraudulentas e por isso não deveriam ser respeitados os resultados eleitorais. Isso, é claro, na hipótese de uma eventual derrota em seu propósito de reeleger-se ao posto de mandatário-mor da República. Foi um tiro que saiu pela culatra, já que essa reunião consolidou sua perda de apoio internacional.
Horda extrema
Antes do triunfo de Pacheco, ocorreram insucessos retumbantes da extrema-direita, como a tentativa de explodir bomba no Aeroporto de Brasília (DF), o que teoricamente forçaria uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Os atos terroristas golpistas bolsonaristas do 8 de janeiro – o Dia da Infâmia – foram o penúltimo deles. Restava a eleição à presidência do Senado, inacreditavelmente “invadido” por horda de senadores extremistas cujos perfis pessoais chamam atenção à baixíssima qualificação política, moral e profissional.
Agora, o resultado da votação no Senado é recebido com certo alívio pelos democratas e progressistas. É algo a contribuir para restabelecer, na sociedade brasileira, conceitos, como normalidade, tranquilidade, previsibilidade, diálogo, harmonia, implicando em ambiente ideal para o desenvolvimento econômico, com o incremento dos negócios, combinado com inclusão social. Porém, Lula não está num mar de rosas, e terá gigantesco desafio à frente, no sentido de aprovar seus projetos em Legislativo de matiz conservador.
De qualquer maneira, contar com o atual presidente do Senado é no mínimo respirar, sem ter que lutar contra o engendramento de mais tentativas de golpe ou sabotagem visando paralisar, obstaculizar o Governo Federal. É preservar o Supremo Tribunal Federal (STF) de manobras casuísticas endereçadas a, por exemplo, derrubar Alexandre de Moraes e outros ministros por meio de processos de impeachment. É mais um passo significativo, certamente, mas o caminho a ser percorrido é bastante longo e incerto. Que haja coragem.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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