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    Danilo Espindola Catalano

    Professor de espanhol, pesquisador e escritor.

    5 artigos

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    Uma eleição sangrenta

    Me parece ser importante, que dentro da Venezuela, se escolhesse um presidente que não fosse de nenhum destes dois lados, para que houvesse uma conciliação

    Uma manifestante reage quando coquetéis molotov atingem o chão em frente às forças de segurança durante os protestos contra os resultados das eleições, após o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e seu rival da oposição, Edmundo Gonzalez, reivindicarem a vitória na eleição presidencial de domingo, em Puerto La Cruz, Venezuela (Foto: REUTERS/Samir Aponte)

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    Nicolás Maduro declarou que caso não ganhasse haveria um “banho de sangue”, mas para entender o que ele disse, não podemos ser simplórios e pensar que ele iria fazer alguma coisa, mas devemos entender o contexto em que se dá a eleição venezuelana de 2024 e a sua importância para a região e para a esquerda latino-americana.

    Antes de iniciar a campanha, Maria Corina Machado, ex-candidata em eleições anteriores e que teve, (novamente), a intenção de se candidatar, que foi impedida, devido a uma inabilitação, que segundo ela, foi por perseguição política, mas que na verdade foi por conta de algumas inconsistências em suas                                                                                                         campanhas anteriores. Este foi o estopim para a extrema-direita do país.

    Um fator importante, que faz com que a oposição seja violenta, é a raiva por haver um único presidente no governo desde a morte do comandante Hugo Chávez em 2013, além da crise econômica sem precedentes que assola o país por muitos anos, resultando em uma grande cifra de refugiados venezuelanos nos países vizinhos.

    Com base neste contexto, as eleições começaram tensas entre os candidatos, tanto do lado da direita, quanto pelo lado da esquerda, os quais acreditaram ser conveniente apenas realizar convenções partidárias; atitudes essas, que Maria Corina Machado, foi na “contramão” e decidiu viajar pelo país “denunciando” as ações do governo bolivariano, o que fez com que ela lograsse muitos eleitores para Eduardo González. Além de aproveitar para aumentar as tensões entre os dois lados durante a campanha. Voltando à declaração de Nicolás Maduro, o contexto observado, nos escancarou o fato de que fosse quem ganhasse iria haveria violência, isso porque, de um lado a direita não iria aceitar o resultado e de outro, (essa mesma direita), ao aceitar o resultado e ganhar, iria perseguir aqueles que formaram parte do governo bolivariano.Maria Corina Machado, coloca em xeque as decisões do CNE (Consejo Nacional Electoral), dizendo que quem realmente ganhou, foi Edmundo González Urrutia com mais de 70% dos votos apurados e com provas, (publicadas pelos diversos meios de comunicação), o que, seja verdade ou não, mostra, que dar vitória a Nicolás Maduro, não será nunca mais aceito pela oposição, o que explica a revolta daqueles que querem o fim deste governo, mesmo que acabe resultando em um golpe de Estado.

    Com o resultado divulgado pelo CNE, o povo opositor e inconforme, inicia sem medo a sua revolta social e civil, expondo a sua “raiva” pela derrota de seu candidato, mostrando que as postagens dos líderes da extrema-direita, instigaram de forma indireta, para que além do órgão de eleições ser desacreditado, a população fosse instigada a mobilizar-se para que houvesse distúrbios em todo o país, exigindo a renúncia do presidente reeleito, por meio de uma extrema violência. 

    Me parece ser importante, que dentro da Venezuela, se escolhesse um presidente que não fosse de nenhum destes dois lados, (que continuam brigando entre si de forma extrema), para que houvesse uma conciliação, que levasse à paz no país.

    Vale comentar, que apesar da esquerda brasileira acreditar que seja mais interessante e importante estar acompanhando as eleições nos Estados Unidos do que as da Venezuela. Seria importante considerar, que o país é latino-americano e irá influenciar diretamente nas estratégias das eleições municipais brasileiras deste ano, assim como nas próximas eleições presidenciais, por poder ser um “prato cheio” para os bolsonaristas. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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