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    Arthur Virgílio Neto

    Diplomata, foi deputado federal, senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique Cardoso, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, líder das oposições no Senado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e três vezes prefeito da capital da Amazônia - Manaus.

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    ‘Uma Só Terra’

    (Foto: Pixabay)

    Domingo, 5 de junho, foi o Dia Mundial do Meio Ambiente, uma chamada à humanidade para que possamos cuidar melhor do nosso planeta, se pretendemos continuar por aqui e usufruindo dos seus recursos naturais para a nossa qualidade de vida. Usufruir sem minguar esses recursos. Desde a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, há 50 anos, em Estocolmo, na Suécia, muito já se avançou na discussão e nas tomadas de decisões para minimizar as agressões ao meio ambiente, mas não o suficiente. 

     Este ano, o evento trouxe novamente o tema “Uma Só Terra”, que para mim se revela como um grandioso conflito: podemos, de fato, ser uma só Terra? Temos enormes diversidades culturais, econômicas e sociais em todo o mundo, que nos fazem questionar se seria possível pensar o meio ambiente e a sustentabilidade de uma forma global e justa para todos os povos. Minha conclusão é que, respeitando as diferenças, as vantagens e desvantagens de cada povo em cada rincão desse planeta, aí sim, poderemos ter uma só Terra.

    Cito como exemplo o Brasil e, especialmente, a Amazônia e o meu estado, o Amazonas. Enfrentamos problemas gravíssimos com o aumento do desmatamento e das queimadas, ano a ano, e isso em função do avanço do agronegócio, especialmente da criação de gado e do cultivo de soja, milho e algodão, principalmente naqueles municípios que chamamos de nova fronteira agrícola; mas também pelo aumento da grilagem de terras e do recrudescimento do garimpo ilegal, levando atividades insanas que contaminam os rios e as pessoas.

     A Amazônia é uma região bastante emblemática para o mundo e guarda muitas contradições. Temos, de um lado, a enorme riqueza da floresta com o seu inestimável patrimônio biológico e, de outro lado, uma população imersa na miséria, com mais de 50% das pessoas vivendo entre a pobreza e a pobreza extrema. Inimaginável que um lugar tão rico seja a residência de uma população tão pobre. E isso enquanto o mundo inteiro atua com discursos de sustentabilidade, de uso sustentável dos recursos, em conceitos de cidades sustentáveis. 

    É preciso sair do discurso e partir para a prática. A Amazônia e o Amazonas precisam de investimentos em infraestrutura, em ciência, em tecnologia, educação, saúde, no turismo... colocando par a par a ciência e o conhecimento tradicional dos povos indígenas, ou seja, o doutor das academias e o doutor das matas atuando em conjunto para encontrar esse ponto de equilíbrio, transformando os produtos da floresta em riqueza e em avanço econômico e social para os amazonenses e para todos os brasileiros.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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