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    Marco Damiani

    Marco Damiani é jornalista e consultor na área de comunicação

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    União de todos os candidatos pela democracia já! Golpe de Bolsonaro passará se não houver liderança da classe política

    "Se os políticos não denunciarem as manobras e seus efeitos antinacionais, é bem possível que o golpe suba às manchetes como desferido", diz Marco Damiani

    Jair Bolsonaro (Foto: Anderson Riedel/PR)

    Com um golpe de sendo articulado à luz do dia, provocações e senhas lançadas publicamente, é simplesmente inacreditável que os candidatos às eleições de outubro não se unam para, numa só palavra, defender a democracia. Não apenas os presidenciáveis, mas também os postulantes a governador, deputado federal e estadual, os atuais prefeitos e vereadores. Todos eles interessados, em tese, na manutenção das bases democráticas do Pais, duramente reconstruídas a partir da anistia política, em 1979. Só que não.

    Uma das premissas para essa desenvoltura em passar um rolo compressor sobre a democracia está no que se projeta como falta de resistência popular. Bem pode ser, é verdade, que a uma movimentação clássica de tanques, como a que o País viveu em 1º de abril de 1964, quando o general Olympio Mourão Filho deu a partida nos que comandava em Minas Gerais, não muita gente saia às ruas para defender o Brasil. Vai ter repressão e tudo o mais. Mas a classe política, agora e já, tem a obrigação de fazê-lo.

    Alguém dessa mesma classe política - é a que temos - tem de puxar o cordão, de imediato, da defesa da democracia. Lula, Ciro, Simone, Doria, Pacheco, Haddad, França, Garcia, Dino, Wagner e todos os outros, quem, afinal, está disposto a cumprir essa importante missão? Será que acham um fardo liderar o povo brasileiro a favor da democracia, algo fora da pauta? É, repita-se, inacreditável que eles, logo eles, candidatos sim a um exílio se o golpe vier mesmo, mantenham-se nesse silêncio de pedra, como se tivessem medo de defender a cidadania ou não levem a sério as investidas do, digamos, capitão e dos seus. Minha aposta é a de que essa gente baixa e vil está falando sério. O que você acha?

    O TSE desistiu de convidar a União Europeia para ser observadoras oficial das eleições brasileiras em razão de manobras em contrário praticadas pelo Itamaraty. Foi, nitidamente, mais um passo para o golpe, essa queda de resistência no tribunal eleitoral. Sobre o STF, a pressão já é para o Senado aprovar o impeachment de ministros, num casuísmo que, numa maré boa para a direita golpista, pode custar muitos escalpos na Corte, bem além de Alexandre de Moraes. O golpe está andando, pode-se dizer, a galope. Estamos, entre preocupados e embasbacados, só olhando.

    Em 1965, depois de terem brigado a vida inteira, Jango, Juscelino e Lacerda se uniram em torno do que chamaram de Frente Ampla, para ressuscitar as eleições presidenciais e, portanto, a democracia. Já era tarde. Sob o pretexto de fazerem apenas uma faxina, os militares de Castello Branco, que, rs, muita gente até hoje chama de democrata, ficaram 20 anos no poder. Um novo golpe, que pode ser ainda mais duro e maior do que o último, está sendo articulado à luz do dia por Bolsonaro, repita-se. O povo não está reclamando. Se os políticos não denunciarem as manobras e seus efeitos antinacionais, é bem possível que, a qualquer momento, essa virada de mesa suba para a manchetes como tendo sido feita a valer. Pelo 'meu' Exército etc. Em tempo: na ESG, a pauta é o golpe faz tempo. O próximo passo será eliminar opositores, promover uma grande caça às bruxas e, entre outras coisas, controlar as manchetes. O velho filme de terror do qual já fomos os personagens aterrorizados pelos gorilas, versão século 21.

    Vamos torcer para que os políticos da direita democrática à esquerdinha radical, com o centro junto, se unam para defender a democracia Caso contrário, Bolsonaro vai fazer e conseguir, sozinho, o que quer: o golpe contra todos nós.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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