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    Fernando Lavieri

    Jornalista, com passagens pela IstoÉ e revista Caros Amigos

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    Uruguai, Uruguai, pense bem

    O país vizinho, amigo, irmão, tem de ser assertivo em sua escolha. Por tanto, o seu próximo presidente será Yamandu Orsi

    Yamandu Orsi (Foto: Reuters/Andres Cuenca)

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    Há  dúvidas sobre o fato de o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ser racista? A resposta: não. Há dúvidas sobre o fato de o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ser misógino? A resposta: não. Há dúvidas sobre o fato de o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, querer abolir a parca democracia estadunidense e fortalecer o sistema imperialista em todo o mundo sob sua caneta? A resposta: não. Nesse sentido, quais devem ser as preocupações dos países sul-americanos a partir de agora? Há duas principais: se proteger dos ataques imperialistas ocasionados por meio das políticas diplomáticas da Casa Branca e, em segundo lugar, denunciar tais ataques dentro dos EUA e em outros países.

    A escolha correta do presidente da República nos países da América do Sul é ponto central para adquirir e manter tal postura de repúdio ao imperialismo estadunidense. Brasil e México foram bem. Ambos os países escolheram os melhores candidatos, com Luiz Inácio Lula da Silva e Cláudia Sheimbaum. No domingo 24 será a vez do Uruguai resolver essa questão, em segundo turno eleitoral. É fundamental que Yamandu Orsi, da Frente Ampla, saia vitorioso das urnas. Ele é pupilo de Pepe Mujica, ex-presidente, e representante da esquerda uruguaia, por conseguinte. Por definição, a partir de 2025, todas as nações latino-americanas serão pressionadas por Donald Trump com base na doutrina Monroe. O Uruguai também estará na mira, mesmo sendo o país economicamente menos interessante aos olhos do Grande Irmão do Norte. Orsi tem noção das intenções políticas dos Estados Unidos e do novo governo Trump, que se desenha reacionário. 

    O candidato de Luis Lacalle Pou, atual presidente do Uruguai, é Álvaro Delgado, homem ligado à direita uruguaia, principalmente ao setor do empresariado rural. Nessa linha, Delgado não estará preocupado com as questões relativas ao imperialismo estadunidense. Ele fará parte da onda à direita liderada pelo protofascista Javier Milei, presidente da Argentina, que já se colocou como principal sabujo de Trump na América Latina.

    Esse é o momento de o Uruguai reverter os índices de pobreza que vem subindo e assolando o país após  a saída da Frente Ampla do poder, em 2019, após quinze anos de liderança. No país uma em cada cinco crianças vive em extrema pobreza. Mais: no governo Lacalle Pou, para além do fato de a riqueza nacional ter ficado ainda mais concentrada, ou seja, os ricos ficaram mais ricos, a percepção da sociedade em  relação à segurança pública, violência e o narcotráfico piorou.  Mais de cinquenta por cento da população se preocupa com essa seara. A situação econômica do Uruguai vem depois a mente das pessoas. Por essas e por outras o país de Pepe Mujica deve se juntar ao Brasil, prioritariamente, e fortalecer a resistência ao imperialismo. Opor-se ao imperialismo estadunidense é o norte para os povos da América do Sul, mesmo que essa tarefa não esteja evidente em todos os momentos na cabeça das lideranças de esquerda.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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