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    Julian Rodrigues

    Professor e jornalista, é militante do PT-SP e ativista dos movimentos LGBT e de Direitos Humanos

    56 artigos

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    Valerio Arcary faz cumpleanõs: happy birthday, velhinho!

    “Não sou nada.Nunca serei nada.Não posso querer ser nada.À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.” (Fernando Pessoa)

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    Uberabense, filiei-me ao PT aos 15/16, campanha Lula-89. Havia lá três tendências organizadas: Articulação, Democracia Socialista e O Trabalho. Ao começar a militar em nível estadual conheci a Convergência Socialista. Talvez a mais estigmatizada tendência no senso comum petista (ah, tinha os excêntricos da Causa Operária que logo foram expulsos). Apesar desde sempre alinhar-me com a velha e boa Articulação, sempre mantive boas  relações  políticas e intelectuais com os mandelistas da DS e com os lambertistas de O Trabalho. E depois também com a CS (Convergência Socialista).

    No final dos anos 1990 fui um dos dirigentes a operar uma aproximação, no movimento estudantil universitário, da tendência petista Articulação de Esquerda (corrente na qual militava) com o PSTU. Um período rico onde conheci grandes quadros e fiz muitos amigos.

    Intelectualmente curioso, lia o jornal da OT, adorava o maravilhoso EM TEMPO da DS e também  as publicações da CS/PSTU.  

    Foi significativa  no final do anos 1990 a aproximação tática e política da AE no ME universitário, que ajudei a operar. Foi na época que o meu amigo-irmão Linbergh largou o PCdoB aderiu ao PSTU.

    Conto isso tudo para dizer que, embora sempre tenha combatido as posições morenistas, cultivei e cultivo boas relações políticas - e um profundo respeito pelos camaradas dessas organizações (CST também).

    Obviamente sempre combati a lenda urbana de que a CS foi expulsa do PT. Não foram. 

    Eu gosto de usar um exemplo de relação trabalhista: quando um funcionário faz tudo para ser demitido e o patrão também não o quer mais. 

    Para criar o PSTU era imprescindível o mito fundador dos perseguidos, expulsos,  dos  puros que se rebelaram contra a burocracia traidora do PT. Faz parte do DNA dessa corrente política desde sempre.

    Ocorre que posição firme não é sinônimo de cara feia, sectarismo, mau humor, arrogância.

     É aí que entra o personagem desse artigo, Valerio Arcary. Desde sempre ouvido e querido, por todos. Justamente por fugir do estereótipo de trosco chato.

    Elegância, gentileza, humor, fina ironia.

    Valerio  cultiva  certa eloquência própria de um  encantador de serpentes,  singular prosódia que soa lusitana, retidão argumentativa impecável, denso conteúdo político, paixão e combatividade. Quando fala, todos param para ouvir.

    Ademais, respeita como poucos a última flor do Lácio, inculta e bela - crescentemente vilipendiada. 

    Paro por aqui, porque panegíricos de amigos deve ter sua credibilidade questionada, a priori.

    Mas é preciso celebrar os nossos, todavia. E todos os dias.

    Ou seja: vamos comer, beber e degustar Valerio Arcary.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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