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    Roberto R. Martins

    Autor de Liberdade para os Brasileiros – anistia ontem e hoje

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    Vamos doar um livro neste Natal?

    "Fiz uma seleção de cinco livros, todos atuais"

    Compras de Natal (Foto: Reuters)

    Ao aproximar-se mais um Natal, época em que o costume social instigado pelo sentimento religioso criou o hábito de doar presentes; quero relembrar uma prática que anda meio esquecida: doar um livro! Nas redes sociais, até, tem havido uma lembrança disso, não esquecendo de sugerir uma dedicatória na primeira página, prova de amor e carinho de quem doa a quem recebe, mas não só: também de amor ao livro, à cultura.

    Fiz uma seleção de cinco livros, todos atuais, embora, pelo menos um, obra clássica de nossa literatura, oportunamente reeditado. Vão em ordem alfabética do autor, ou do ator principal que dá nome à obra. Todos poderão ser encontrados numa boa livraria ou, quem sabe, diretamente no site da editora ou até na Amazon. Vejamos.

    1 – Breno Altman: Contra o sionismo: Retrato de uma Doutrina Colonial e Racista. Alameda Casa Editorial, 2023.

    É um atualíssimo libelo em defesa da causa palestina, contra o genocídio posto em prática pelo Estado israelense, buscando as raízes da ação que vinga nos palestinos os efeitos do holocausto nazista. Note-se que o autor, renomado jornalista, é judeu. E tem sido continuamente perseguido pelas instituições sionistas no Brasil, com repercussão até no judiciário brasileiro.

    2 - Graciliano Ramos: Vidas Secas. Expressão Popular. 2024.

    Oportuna reedição desta obra prima que já foi até às telas, pela editora que representa os interesses dos trabalhadores rurais sem terra. A obra retrata a sina de Fabiano e sua família de retirantes da seca em sua peregrinação pela terra árida, sem faltar a companhia do papagaio e da cachorrinha Baleia. Fenômeno hoje menos frequente, os retirantes foram expressão regular nos séculos passados dada a inclemência das secas no Nordeste. A obra educa e ajuda a conhecer o Brasil real.

    3 – José Genoino, uma vida entrevista. Sálvio Kostter e Nicodemus Sena: Letra Selvagem e Kotter Editorial. 2024.

    Uma longa e expressiva entrevista concedida por José Genoino aos autores, onde ele narra desde os tempos da infância na terra seca em Quixeramobim, Ceará, passando pela liderança estudantil como diretor da UNE e pela Guerrilha do Araguaia, aos tempos de parlamentar, constituinte, candidato ao governo de São Paulo chegando ao segundo turno, presidente do PT. Depois a trágica farsa do “mensalão” (a grande obra de Jefferson, o bandido que está preso) e a recuperação. Sertanejo, é assim: levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!

    Teria muito a destacar, mas deixo para cada leitor. Registro apenas: importantes informações sobre a Guerrilha do Araguaia, inclusive inéditas; a autocrítica, quando Genoino reconhece ter feito uma “inflexão ao centro” na vida parlamentar, tendo tido “ilusões constitucionalistas”, como dizia Lenin; a capacidade de superar o sofrimento e a humilhação, compreendendo seu papel hoje, como educador político para a revolução; e por fim, o conjunto de informações, indispensáveis a quem precisa conhecer a história recente.

    4 – O caderno azul de Jenny: a visita de Marx à Comuna de Paris. Michel Lowy e Olivier Besancenot. Boitempo, 2021.

    Um livrinho encantador, especialmente para os socialistas. O subtítulo diz o essencial: são as anotações da jovem jornalista Jenny Marx, feitas num caderno azul, da viagem clandestina, com seu pai, à Paris da Comuna, em pleno 1871!  “Achado” o caderno, 150 anos depois, vem agora à luz. Encantador. Basta recordar que Marx diz sobre aquele acontecimento histórico, que os trabalhadores de Paris “tomaram os céus de assalto!”

    5 – Roberto R Martins: Os clavinoteiros de Belmonte: uma história dos cangaceiros do cacau. Mondrongo, 2023.

    Trata-se dum romance histórico inspirado no conto de Machado de Assis “A canção dos piratas”. O romance busca resgatar um fenômeno social – os clavinoteiros – que tinham seu refúgio principal no vale do Jequitinhonha, daí porque são de “Belmonte”. Na essência, trata-se, no Sul da região cacaueira, do mesmo fenômeno que levou ao surgimento dos cangaceiros do Nordeste. História pouco estudada e conhecida, vem agora à tona em meio a uma lenda de um chefe clavinoteiro que impõe a sua lei e sua justiça na região, na luta contra as arbitrariedades dos coronéis.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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