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Valter Pomar

Historiador e integrante da Direção Nacional do PT

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Venezuela: a diplomática nota do Psol (ou as voltas que o mundo dá)

"Quando surgiu, o Psol demarcou com o PT de diversas maneiras. Uma delas era nos acusar de institucionalismo. Vinte anos depois, algo está mudando", diz Pomar

Nicolás Maduro e comando militar em evento em Caracas (Foto: Leonardo Fernández Viloria/Reuters)

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No dia 2 de agosto, a executiva nacional do Psol divulgou sua posição sobre a situação na Venezuela.

A nota está aqui: Nota do Psol sobre a situação na Venezuela (psol50.org.br)

Deixo aos entendidos comentar como se construiu esta nota, quem votou e quem não votou etc.

Me limito ao que está escrito.

A nota “manifesta apoio” à posição dos governos do Brasil, Colômbia e México; considera justa a “cobrança por mais transparência endereçada às instituições eleitorais daquele país”; condena a “política de embargos econômicos e a ingerência estrangeira”; mas também considera “justa” a proposta de “acompanhamento internacional independente”; adianta que apoiará “qualquer medida que possa contribuir para legitimar uma saída que respeite a vontade e a soberania popular e a institucionalidade do país barrando as ameaças golpistas – sempre sustentadas pela direita venezuelana"; e termina dizendo que seguirão trabalhando na direção da “superação do impasse na Venezuela”.

Uma nota politicamente correta, vazada em termos diplomáticos.

O cuidado foi tanto, que a nota do Psol nem ao menos inclui a palavra "Maduro".

Nem cita a posição dos EUA, adotada no dia 1 de agosto, nomeando Guaidó Segundo.

Que um candidato, seja do Psol ou de outro partido menos afortunado, evite certas polêmicas, é compreensível e em alguns casos pode ser até recomendável.

Foi o que fez Boulos, com menos diplomacia do que a nota do Psol, como se pode ver aqui: Metrópoles Política | Candidato à Prefeitura da capital paulista, o deputado federal Guilherme Boulos (PSol) classificou como “extremamente preocupante” a… | Instagram

Mas que um partido evite certas questões, aí são outros quinhentos. Trata-se principalmente de uma escolha, não de uma contingência.

E a escolha que o Psol fez, ao menos até o momento, foi se colocar sob a proteção de uma nota diplomática negociada (arduamente) por três governos.

Sobre o mérito, já comentei noutro lugar.

Sobre o método, são as voltas que o mundo dá.

Quando surgiu, o Psol demarcou com o PT de diversas maneiras. Uma delas era nos acusar de institucionalismo.

Vinte anos depois, algo está mudando. E bem rápido, eu diria.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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