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    Flávio Barbosa

    Cronista, psicanalista

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    Veredicto

    O nosso sistema de justiça é de um relativismo extremado em suas decisões e mesmo no timing de seus processos e julgamentos

    Fachada do edifício sede do Supremo Tribunal Federal - STF (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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    Ação Penal 470 (a do Mensalão do PT) no STF:

    (...) “Senhor José Dirceu: eu não tenho qualquer prova contra o senhor, mas tenho a literatura que me autoriza à sentença condenatória ao senhor”. 

    Julgamento da chapa Bolsonaro / Mourão no TSE:

    (...) “Nós sabemos o que ocorreu na eleição de 2018, o uso de meios e financiamentos ilegais abundantes que prejudicaram candidaturas opositoras e prejudicaram claramente aquelas eleições, no entanto, não temos as provas específicas, então voto pela absolvição da chapa, mas se isso se repetir na eleição de 2022 nós vamos agir duramente cassando chapas e prendendo candidatos que se valerem desses recursos”.

    Talvez não seja preciso dizer que a justiça é cega – e refiro-me aqui não ao simbolismo que isso representa --, mas creio que é possível imaginar a despeito da imensa incapacidade da justiça brasileira em promover justiça, e que é bem razoável pensarmos que o nosso sistema de justiça é de um relativismo extremado em suas decisões e mesmo no timing de seus processos e julgamentos.

    Convicções e uma velocidade atípica ao andamento dos processos em nossas Cortes (do piso ao teto) foram as marcas dos procedimentos e decisões sempre quando era em relação ao Partido dos Trabalhadores e de seus membros individualmente, porém, contudo, todavia, não foi isso que se verificou em tantos outros processos quando as provas não eram simples convicções, mas absolutamente materializadas e demonstradas, tais as enormes irregularidades que de forma artificial e de franca violação à lei eleitoral vigente, que, entre outros, proibia o financiamento privado de campanha a partir de certos consórcios, corrompeu o processo eleitoral de 2018 tornando-o completamente ilegítimo.

    Perguntas que não calam: Bolsonaro venceria aquele pleito se não houvesse a prisão arbitrária e ilegal de Lula, como demonstra agora o próprio STF? Bolsonaro venceria aquele pleito, ademais, sem os impulsos extraordinários das fakes news sabidamente com financiamento privado?

    Seria cômico não fosse trágico imaginar que isso não se repetirá em 2022, afinal ocorreu frequentemente nas eleições municipais de 2020 e se repetirá nas eleições presidenciais e provavelmente de muitas estaduais de 2022.

    Ora, se não tinha prova específica em relação ao benefício que esses recursos criminosos provocaram em favor da chapa Bolsonaro / Mourão, apesar de TODOS saberem o que houve (sic) então o método que faz desaparecer ou não aparecer as tais provas será utilizado e provavelmente sofisticado na chapa Bolsonaro e quem quer que seja no próximo pleito, e o pior, com a senha dada pelo próprio TSE ou muito me engano?

    Alguém duvida que um sujeito como Jair Bolsonaro e TODOS que formam seu staff e grupo político não se inibirão diante das “valentes” ameaças dos ministros do TSE? Está claro como a luz do sol que já estão cozendo o método do jogo sujo, sujíssimo, que praticarão em 2022 absolutamente convencidos da impunidade que esses grupos políticos e empresariais gozam no Brasil com as bênçãos de nossa justiça lamentavelmente imersa em seus relativismos.

    Bolsonaro não sabe fazer diferente e isso ficou claro, claríssimo, ao longo de sua vida pública, e o que já sabemos de sua vida privada; os que lhe rodeiam não ficam atrás quando o negócio é ganhar de todo jeito. Não se pode esperar nada diferente da natureza de um escorpião, tal como a fábula do escorpião e do sapo na travessia do rio.

    A leniência de nossas Cortes – para alguns – e a dura lex – para outros – não nos permite pensar de outro jeito, portanto, devemos nos preparar muito para uma eleição duríssima no ano que vem. Afinal, não temos margem para ilusões.

    E que o povo brasileiro saiba ser o juiz que o nosso judiciário, infelizmente, não consegue ser.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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