Vida e morte de Carlos Lamarca
Parte do livro “Lamarca, Herzog e outros Heróis”. Segunda parte do capítulo dedicado a Lamarca. Editora Scortecci, 1998. Reedição pela Editora FiloCzar
Chicote do Pessoa
Vida e morte de Carlos Lamarca
Por José Pessoa de Araújo
Leia a parte 1 aqui.
Era maio de setenta
A turma, então, foi cercada
Exército e polícia juntos
Montaram uma emboscada
Lamarca muito valente
Rompeu cerco à metralhada
Pra capital do Estado
Carlos Lamarca voltou
Usando um nome falso
Muito tempo disfarçou
Planejando novo ataque
Com outro grupo armou
Na vanguarda popular
Muito tempo militou
Houve desentendimento
Do grupo se afastou
E foi no MR-8
Que o capitão se abrigou
Já era o mês de junho
Fazia um frio da peste
Lamarca se decidiu
Foi direto pra Bahia
Abandonou o Sudeste
Em Brotas de Macaúbas
No seco torrão baiano
O capitão instalou-se
De lutar não tinha plano
Se encontrava doente
Já sentia o desengano
Na capital da Bahia
Iara, a mulher amada
Estava num "aparelho"
Quando foi localizada
Não aceitando a prisão
Matou-se sem dizer nada
Quando Iara foi cercada
Moça de rara beleza
Deu um tiro na cabeça
A cena foi de tristeza
Ela preferiu a morte
A sofrer mais malvadeza
Mas o destino é cruel:
O errado às vezes é certo
Zequinha amigo leal
Seu anjo não estava perto
Foi preso e obrigado
A ir a lugar secreto
Andou trezentos quilômetros
Pelo Exército escoltado
Naquele sertão baiano
Onde tinha se criado
Foi mostrar para os milicos
Um Lamarca arruinado
No tronco da baraúna
Lamarca estava cansado
O chefe do batalhão
Com um fuzil apontado
Atirou naquele homem
Que jazia desmaiado
Desnutrido e asmático
Lamarca foi encontrado
Se quisesse o Exército
Podia tê-lo poupado
Mataram Carlos Lamarca
Sem chances lhe terem dado
Mataram um desfalecido
Sem a menor resistência
Lamarca era temido
Todos tinham consciência
Tinha braveza, era herói
Foi um homem com decência
Um tal de major Cerqueira
Por todos conhecido
Comandou a operação
Matou quem tinha "morrido"
Lamarca em sã consciência
Ninguém pegava, eu duvido
Eu ainda um garoto
Quando Lamarca morreu
Porém um herói assim
O povo não esqueceu
Li no livro a história
Sei como aconteceu
O Brasil jamais esquece
O grande idealista
Que defendia os mais pobres
Da opressão elitista
Assassinaram Lamarca
Um herói socialista
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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