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    César Fonseca

    Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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    Vitória de Lula na ONU incomoda Washington porque fortalece geopolítica dos Brics X EUA-OTAN

    Lula, novamente, suposto presidente, ao lado de Putin e Jinping, representa, nas atuais circunstâncias históricas algo impensável para o Império do dólar

    Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert)

    O repórter Pepe Escobar, especialista em geopolítica global, militante da mídia independente, reitera, na TV 247, o que já ressalta há algum tempo, ou seja, que Lula é, na Casa Branca, considerado ameaça a ser afastada na disputa eleitoral; no poder, o lulismo, do ponto de vista americano, criaria confusão na geopolítica global, pois estaria ao lado da maior adversária dos Estados Unidos, no momento, a geopolítica multilateralista que China, Rússia e Índia armam para fortalecer o Brics, criado, por sinal, por sugestão de Lula, quando presidente; por isso, não agradou nada a Washington a decisão da ONU de reconhecer que Lula se transformou em prisioneiro político da Operação Lavajato, comandada pelo ex-juiz Sérgio Moro, arregimentado pelo Departamento de Justiça (DoJ) americano, para executar a tarefa de impedir retorno do lulismo em 2018.

    A ONU coloca Lula com força em cena global, com sua sentença condenatória do imparcial juiz, que cuidou de evitar possível vitória dele, se, livre da prisão por decisão do STF, enfrentasse o vitorioso Jair Bolsonaro na disputa com Haddad, substituto forçado de última hora do ex-presidente mais popular da história brasileira, ao lado de Getúlio Vargas; a emergência política lulista, com a decisão que repercutiu intensamente no mundo, serve, naturalmente, para que os americanos liguem Lula à Rússia, China e Índia em torno dos Brics, contra os quais a Casa Branca se empenha em destruir com a geopolítica imperialista unilateralista EUA-OTAN; a prioridade desta, essencialmente, é derrotar, agora, militarmente, a Rússia, na Guerra da Ucrânia, e tentar fazer o mesmo, comercialmente, com a China.

    ADEUS DOUTRINA MONRÕE

    Lula, em cena, mais uma vez, no cenário internacional, perto de ganhar terceiro mandato, se as pesquisas se confirmarem nas urnas em outubro, preocupa Washington porque furaria o mandamento número um da Doutrina Monroe, da América para os americanos, do norte, diga-se; o quintal da América do Sul, que Tio Sam considera exclusividade dele, seria compartilhado por China e Rússia, em termos militares e comerciais, mediante aliança com o maior aliado dos Estados Unidos, no continente sul-americano, se Lula ocupar novamente o Planalto; opção, simplesmente, intragável, para o sistema financeiro americano, que se engajou, de corpo e alma, para, junto com a elite nacional entreguista, dar o golpe neoliberal de 2016, afastando a presidenta petista nacionalista Dilma Rousseff; feito isso, o neoliberalismo se instalou no país para desestabilizar o Estado nacional, a fim de acelerar os agentes centrais do desenvolvimento brasileiro, as empresas estatais, especialmente, a Petrobrás.

    Lula, novamente, suposto presidente, ao lado de Putin e Jiping, representa, nas atuais circunstâncias históricas – perigo de guerra nuclear – algo impensável para o Império do dólar, ameaçado pela emergência monetária da dobradinha rublo-yuan nas suas relações de troca, em intensificação irresistível no cavalgar da guerra, possivelmente, atômica; tensões nesse sentido estão no ar com ameaça de Putin, se a OTAN-EUA continuarem armando a Ucrânia, visando bombardear Moscou.

    MISSÃO NULAND OBJETIVA BRASIL NA OTAN

    O medo americano de uma nova geopolítica sul-americana com Lula trouxe a Brasília, nessa semana, missão especial americana, comandada por Victoria Nuland, subsecretária para assuntos políticos, com objetivo, essencialmente, geopolítico, como determinou a vice-presidente dos Estados Unidos, Kama Harris: cobrar do poder econômico e financeiro nacional definição clara: o Brasil, no contexto da guerra EUA-Rússia, ficará com a América ou com os Brics?; no momento, Washington, pressionado pela Europa, já defende que o Brasil aumente exportações de petróleo, livre de qualquer taxação, para os europeus, a fim de que estes possam ser compensados pelas restrições russas como resposta às sanções comerciais americanas à Rússia por ter invadido a Ucrânia, para evitar expansão da OTAN no leste europeu.

    Se o Brasil atender a demanda da missão americana, estará se definindo, praticamente, pela geopolítica EUA-OTAN, podendo, portanto, bandear-se, mais rapidamente para OCDE, comandada, praticamente, por Washington?; se resistir às pressões americanas e decidir participar da geopolítica dos Brics, estaria ou não ajudando criar nova divisão internacional do trabalho, cujas consequências seriam ataques ao dólar, no momento, ameaçado pela nova política monetária colocada em prática por Putin?; esta consiste em não aceitar circulação de dólar, na Rússia, como reação às sanções comerciais de Biden; a missão americana, nesse sentido, está no Brasil ou apoiando Bolsonaro, anti-Lula, ou candidato da terceira via, ainda inexistente, para disputar com o lulismo, por enquanto favorito para ganhar.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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