Weintraub, um caso de impeachment
"Em qualquer governo com um mínimo de respeito aos governados, Abraham Weintraub já teria sido demitido", crava a colunista Tereza Cruvinel. "A incompetência do ministro e seus gestores amadores está comprometendo toda a cadeia de passagem do ensino médio para o superior. Ela está assentada nos resultados do Enem", conclui
Em qualquer governo com um mínimo de respeito aos governados, Abraham Weintraub já teria sido demitido. Um deputado, Alexandre Frota (PSDB) pediu seu afastamento ao Ministério Público. UNE e UBES anunciam ação judicial, agora pelo vazamento da classificação no SISU, apesar da proibição da Justiça. Mas a solução para o caso de Weintraub está ao alcance do Congresso. É seu impeachment. Ministros de Estado também são sujeitos a impedimento por afrontas à Constituição, como fez ele ao violar a regra da impessoalidade, atendendo a pedido indidividual de apoiador por rede social. E agora, ao desobedecer à Justiça, deixando vazar um resultado embargado por conta da lambança no Enem.
A incompetência do ministro e seus gestores amadores está comprometendo toda a cadeia de passagem do ensino médio para o superior. Ela está assentada nos resultados do Enem, que perderam completamente a confiabilidade depois dos absurdos erros de correção das provas. A nota no Enem regula o acesso às universidades federais pelo SISU. A Justiça tentou adiar as inscrições, mas elas aconteceram, depois barrou a divulgação das notas, que também acabaram vazando. Encerrada a etapa do Sisu, os que ficaram de fora podem concorrer a vagas com bolsas em escolas particulares através do Prouni. O próprio MEC adiou as inscrições para o Prouni para conter a barbúrdia. Finalmente, estudantes não contemplados nestas modalidades podem pedir o financiamento do FIES, que também usa como critério de seleção a nota no Enem, além da renda das famílias. Os três vetores foram contaminados pela lambança no Enem.
Qualquer parlamentar poderia apresentar o pedido de impedimento do ministro mas o Congresso está em recesso. Está, mas existe uma comissão representativa (que ninguém sabe se está funcionando). Mas o fato que a oposição parece perplexa e fatigada, e pensando muito nas eleições deste ano e na de 2022. Enquanto isso, o caos vai se instalando.
Como disse Marina Silva, quem sabota a educação é o governo. Custa crer que haja tanta incompetência reunida numa pasta tão conectada com o futuro do país, que é a educação de seus jovens.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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