Zema e o governo do botox

Tem personagens da política brasileira que tornam mais complexa aos observadores a avaliação sobre se são imbecis ou malandros. É o caso do governador de Minas Gerais, Romeu Zema. Talvez, no caso dele, a identificação seja mais difícil pelo fato de reunir ambas as qualidades.

O deselegante Romeu tentou, recentemente, dar uma estocada no presidente Lula — que, diga-se, estava em Minas no mesmo evento, ao lado do governador, teoricamente o anfitrião — enquanto realizava anúncios importantes para o setor automotivo e para a indústria mineira. Tomou uma invertida do presidente no mesmo evento, no mesmo palanque. Coisa feia, de moleque mimado mesmo a atitude de Zema.

O governador de Minas costuma pousar de gestor eficiente. O empresário doando a sua sabedoria para a administração pública. Mas a realidade, depois de 6 anos de seu governo, aponta para outro cenário. Vamos aos fatos.

Com Zema, a dívida de Minas Gerais com a União explodiu, crescendo mais de 50%. Isso é fruto de decisões equivocadas e da irresponsabilidade fiscal com que ele trata as finanças do estado. Importante dizer que todos os quatro anos do seu primeiro mandato foram durante o governo de seu aliado, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

O governador bico fino, mostrando também ser um ingrato, ataca o crescimento do PIB brasileiro sob o governo Lula. E por quê? Deve ser porque quando comparado ao seu governo, o Brasil avançou mais. Em 2024, enquanto o PIB do Brasil cresceu 3,4%, Minas Gerais ficou abaixo, com apenas 2,8%.

Mas não é só na economia que Zema tropeça. Na segurança pública, Minas Gerais enfrenta um crescimento significativo nos casos de crimes violentos. Em Belo Horizonte, em 2024, houve um aumento de mais de 20% nesses crimes, quando comparado ao ano anterior. Os homicídios, no mesmo período, subiram cerca de 10%. A sua política para a área é um fracasso.

Na área da habitação, desde 2023, o governo federal, por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, foram contratadas a construção de mais de 110 mil novas moradias em Minas Gerais. Enquanto isso, o governo Zema não construiu 1% desse montante. Um exemplo claro da destruição do Estado de proteção social promovida pelo seu governo.

Por outro lado, seu governo agrada sobremaneira aos seus amigos e sócios de classe, os empresários. Dois números ilustram esse quadro: a renúncia fiscal com o IPVA, que era de R$ 95 milhões em 2018, disparou para R$ 2,5 bilhões em 2024 — um aumento de 26 vezes. E sabe quem ganha muito com isso? As locadoras de automóveis. Deu pra entender?

No caso do ICMS, a renúncia fiscal mais que triplicou em seis anos, passando de R$ 4,7 bilhões em 2018 para R$ 15,4 bilhões este ano. Na Lei de Diretrizes Orçamentárias, a atual gestão prevê que esse valor chegue a R$ 19,1 bilhões até 2028. Dinheiro que poderia estar melhorando a educação e a saúde, atendendo aos quilombolas e povos de terreiro, aos moradores das periferias mineiras, e que está no bolso de empresários.

Mas não ficarei aqui listando a paupérie de resultados que é o governo Zema, especialmente para os mais pobres. Nem as benesses que ele, à custa do trabalho do povo mineiro, concede aos empresários. Apenas coloquei esses exemplos para mostrar que há fragilidades, há calcanhares de Aquiles em seu governo.

O governo Zema é um governo do botox: pode até deixar Minas Gerais mais bonita para alguns, mas de jeito nenhum faz o estado crescer e dividir esse crescimento com a sua gente. Por isso, minha sugestão a ele é que tenha muito cuidado ao colocar a cabeça para fora, desejando disputar a Presidência. Os mineiros podem começar a prestar mais atenção no seu governo e perceberem que estão sendo enganados.