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    "Biometano será essencial para a transição energética", afirma diretor da Petrobras

    Nova lei de incentivo ao biometano impulsiona estratégias da petroleira, que também prevê demanda de 700 mil m³ diários a partir de 2026

    Mauricio Tolmasquim, diretor de transição energética da Petrobras (Foto: Reprodução/Agência Petrobras )
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    247 - A Petrobras está em conversas com possíveis parceiros para construir novas plantas industriais voltadas à produção de biometano, segundo declarou o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da empresa, Maurício Tolmasquim, em entrevista concedida nesta segunda-feira a jornalistas e divulgada pela Agência Reuters. A iniciativa surge em um momento em que a companhia vislumbra oportunidades criadas pela nova Lei Combustível do Futuro, sancionada em outubro, que institui um mandato para incentivar o uso do biometano no Brasil.

    Como parte desse movimento, a Petrobras lançou sua primeira chamada pública para contratar o insumo. O biometano, um gás renovável capaz de substituir o gás natural, tem se destacado na agenda de transição energética e é obtido a partir do processamento de biogás, gerado por resíduos orgânicos de aterros sanitários e atividades agroindustriais.

    "Com este mercado que está surgindo, nós também estamos querendo produzir o biometano, não só sozinhos, mas em parceria com algumas empresas que já estão no mercado; e que a gente possa crescer com elas. Nós estamos conversando com algumas empresas e a gente colocaria capital, investimento, capex, para construir novas plantas", afirmou Tolmasquim, sem revelar detalhes sobre os projetos em negociação.

    Além disso, ele ressaltou a abrangência da atuação da companhia no setor. "No fundo, a Petrobras vai estar dos dois lados, do lado da demanda por conta do mandato e estamos entrando no lado da oferta com essas plantas que a gente vai colocar."

    Desafios de um mercado pulverizado

    Apesar do entusiasmo, Tolmasquim reconheceu os desafios de atuar em um mercado ainda fragmentado, diferentemente do perfil de grandes projetos com o qual a Petrobras está acostumada. "Nós somos grandes, estamos acostumados a trabalhar com parceiros grandes, com projetos grandes... esse é um desafio que está sendo colocado aqui para nós, para a própria equipe, como lidar com projetos menores, como lidar com parceiros certamente menores", comentou.

    Ainda assim, o diretor se mostrou confiante no crescimento do mercado de biometano, impulsionado pela criação do mandato previsto na nova legislação. A demanda inicial estimada pela Petrobras para 2026 é de cerca de 700 mil metros cúbicos diários, valor que poderá ser suprido tanto por novas plantas quanto por fornecedores terceiros.

    Segundo as regras da Lei Combustível do Futuro, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) definirá metas anuais de redução de emissões de gases de efeito estufa no setor de gás natural, com o uso de biometano. Essas metas entram em vigor a partir de janeiro de 2026, começando com um percentual inicial de 1% e podendo atingir até 10%.

    A chamada pública lançada pela Petrobras também aceitará propostas para a compra de certificados de garantia de origem, viabilizando a participação de pequenos produtores, inclusive aqueles localizados em áreas sem acesso logístico direto aos pontos de entrega.

    Estratégia voltada a biocombustíveis

    A Petrobras vem intensificando seu foco em biocombustíveis, como demonstra seu recente plano estratégico para 2025-2029, que prioriza o biometano e o etanol. Ao mesmo tempo, a companhia anunciou que retirará eventuais projetos de geração de energia eólica offshore de sua lista de prioridades.

    A aposta no biometano, de acordo com Tolmasquim, reflete o compromisso da Petrobras com a transição energética e a diversificação de sua matriz, alinhando-se às metas de descarbonização e sustentabilidade. "Mesmo participando da construção de novas plantas, nós certamente demandaremos biometano de terceiros, porque as plantas da Petrobras não serão suficientes para atender toda a nossa demanda", afirmou o diretor, destacando a relevância do insumo para o futuro energético do país.

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