COP16 em Cali corre risco de fracasso em meta de biodiversidade e enfrenta desafios de financiamento

247 - Após duas semanas de debates intensos na Conferência das Partes sobre Biodiversidade (COP16) em Cali, Colômbia, as expectativas de avanços concretos no Marco Global de Biodiversidade enfrentam grandes obstáculos. Passados dois anos do acordo em Montreal, que estabeleceu como meta proteger 30% do planeta e restaurar 30% dos ecossistemas até 2030, somente uma decisão relevante foi tomada até o momento: a criação de zonas ecológicas em águas internacionais.

Dos 198 países signatários do acordo, apenas 35 cumpriram o compromisso de apresentar planos anuais de conservação. O Brasil, que detém 20% da biodiversidade mundial, chegou ao evento sem uma nova estratégia formal, justificando o atraso pela necessidade de reestruturar seu sistema de conservação. A ausência do plano brasileiro gerou críticas da ONG The Nature Conservancy, que destacou o impacto negativo do país na liderança global de biodiversidade.

O relatório "Planeta Protegido", publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, aponta que apenas 17,6% das áreas terrestres e 8,4% dos oceanos estão sob proteção, muito aquém da meta "30 por 30". Faltando seis anos para o prazo final, especialistas reforçam a urgência de colaboração internacional para atingir objetivos sustentáveis.

No último dia de negociações, a questão do financiamento segue sem consenso. Promessas de doações para o fundo global de US$ 200 bilhões, destinadas a apoiar a preservação de recursos naturais, não foram cumpridas, com países em desenvolvimento reivindicando fundos mais acessíveis e geridos pela COP. (*Com informações da RFI e Correio Braziliense)