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    Demanda por biocombustíveis para aviação e navegação surpreende BNDES e alcança 30 vezes o esperado

    Banco recebeu 76 projetos e R$ 167 bilhões em propostas envolvendo biocombustíveis como o combustível sustentável de aviação (SAF)

    Combustível sustentável de aviação (SAF) (Foto: Reprodução/MTCI)

    247 - A procura por recursos para desenvolver biorrefinarias no Brasil ultrapassou amplamente as expectativas do BNDES. O diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do banco, José Luís Gordon, concedeu entrevista ao Broadcast e revelou que a demanda para projetos envolvendo biocombustíveis, como o combustível sustentável de aviação (SAF) e o bunker verde para navegação, foi quase 30 vezes maior do que o previsto na chamada pública realizada em parceria com a Finep, indicando o grande potencial do setor no país.

    Com um orçamento inicial de R$ 6 bilhões para o programa — dividido igualmente entre BNDES e Finep e com taxas diferenciadas —, a demanda chegou a R$ 167 bilhões, distribuídos em 76 projetos. Destes, 43 propostas, somando R$ 120 bilhões, focam na produção de combustíveis para aviação, enquanto outras 33, totalizando R$ 47 bilhões, têm como objetivo o desenvolvimento de combustíveis para o setor de navegação. Agora, o BNDES avalia quais projetos serão elegíveis e quais mecanismos de financiamento poderão ser usados, com uma decisão final esperada até o fim do ano.

    "Nós vimos o tamanho da demanda e, obviamente, vamos filtrar até o final do ano o que é viável e buscar a solução financeira. Imagino que teremos mais de R$ 6 bilhões, mas isso mostra o potencial do Brasil para essa agenda", afirmou Gordon. Segundo ele, a chamada pública tem atraído o interesse de empresas multinacionais, e outras companhias estão antecipando investimentos no país. “A existência de recursos como a Taxa Referencial para inovação, o Fundo Clima e fundos não reembolsáveis da Finep são importantes para deslocar investimentos e atrair capital para essa agenda”, completou.

    Para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, a quantidade e a qualidade das propostas mostram que o Brasil tem todas as condições para se tornar líder global em combustíveis sustentáveis para aviação e navegação. "No cenário global, esses setores respondem por cerca de 5% das emissões de CO2, e os biocombustíveis podem reduzir até 94% dessas emissões", afirmou.

    Com uma implementação progressiva até 2050 e seguindo regulamentações internacionais, o uso de 2% de SAF será exigido a partir do próximo ano para voos partindo da União Europeia, com aumento para 5% em 2030 e 63% até 2050. No setor marítimo, a Organização Marítima Internacional (IMO) definiu uma meta de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em pelo menos 50% até 2050, em comparação com os níveis de 2008, objetivo que poderá ser alcançado com o uso de biodiesel, diesel verde (HVO), etanol e biometano.

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