Ecólogo brasileiro revoluciona a logística reversa no Brasil
Modelo desenvolvido por Renato Paquet foi adotado como padrão pelo Ministério do Meio Ambiente e hoje serve como referência no setor
Beatriz Bevilaqua, 247 - Você sabia que somente 3% de todo lixo do Brasil é reciclado? Além disso, mais de 40% dos resíduos urbanos vão para lixões. Isso significa que muitas prefeituras, ao coletarem o lixo, acabam destinando-o de forma inadequada e ilegal, jogando-o em terrenos abandonados. Esse descarte incorreto transforma o resíduo em um poluente e contaminante, em vez de um recurso que poderia ser aproveitado para gerar renda, trabalho e sustentabilidade por meio da reciclagem.
Neste episódio, entrevistamos Renato Paquet, ecólogo formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e fundador da Polen, empresa de impacto de logística reversa de embalagens. O especialista desenvolveu uma tecnologia que se tornou padrão no governo federal, além de um software de rastreabilidade de resíduos que ajuda as empresas a gerenciar seus materiais de forma sustentável.
A logística reversa é o processo de planejamento e execução do retorno de produtos, embalagens ou materiais ao seu ponto de origem ou destino final após o consumo. Esse processo envolve o recolhimento e a reintegração das embalagens ao ciclo produtivo. Por exemplo, quando uma pessoa consome uma latinha de refrigerante, após o uso, ela deve ser descartada corretamente na coleta seletiva. A partir daí, a latinha segue um percurso que a leva de volta à indústria. Ela passa por uma cooperativa de reciclagem, que a encaminha para um reciclador. Do reciclador, o material vai para empresas que fabricam chapas e bobinas de alumínio, que, por sua vez, serão usadas para produzir novas latas de refrigerante.
As empresas responsáveis pela logística de embalagens desempenham um papel crucial nesse processo. O Ministério do Meio Ambiente as reconhece como "entidades gestoras", responsáveis por estruturar a cadeia de reciclagem. Isso inclui realizar investimentos e efetuar pagamentos pelos serviços ambientais prestados pelos primeiros elos da cadeia — aqueles que recebem os resíduos, fazem a separação entre o material reciclável e o não reciclável, e comercializam os materiais recicláveis com a indústria recicladora. Portanto, a logística reversa de embalagens é o processo de retornar os materiais pós-consumo à indústria recicladora, fechando o ciclo da reciclagem e promovendo a sustentabilidade.
“O trabalho da Polen é fundamental para o cumprimento das diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que estabelece que 30% dos resíduos gerados no Brasil devem ser reciclados”, explica Renato. Inicialmente, a empresa foi criada para ser um software de compra e venda de materiais que utilizava a tecnologia blockchain. Em 2019, Renato recebeu uma ligação da Natura que afirmou estar interessada na parte de rastreabilidade do processo de compra e venda que a startup oferecia. Alguns meses depois, após realizar testes e comprovar a legitimidade e segurança do processo, a Polen mudou o seu modelo de negócio e teve a Natura como cliente.
“Após dialogar com todas as partes envolvidas no processo de logística reversa, tivemos também nosso modelo adotado como padrão pelo Ministério do Meio Ambiente e hoje servimos como referência no setor, garantindo a rastreabilidade completa das operações por meio de uma plataforma digital, fortalecendo a transparência e a governança na gestão de resíduos”, explicou Renato.
A startup também criou o modelo de "crédito de logística reversa", em que os clientes podem adquirir créditos e utilizar os serviços de empresas que promovem ações para a redução de impactos ambientais. Assista à entrevista na íntegra:
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