Estudo revela que Bolsa Família reduziu em mais de 50% os casos de tuberculose entre os mais pobres
Pesquisa internacional publicada na Nature Medicine destaca o impacto do programa na saúde pública e na diminuição das desigualdades sociais
247 - O impacto do Programa Bolsa Família (PBF) na saúde pública brasileira foi destacado em um estudo publicado na revista científica Nature Medicine nesta sexta-feira (3). A pesquisa, conduzida por uma equipe internacional de cientistas, analisou dados de mais de 54 milhões de brasileiros entre 2004 e 2015 e revelou que o programa foi responsável pela redução de mais de 50% nos casos de tuberculose entre pessoas em situação de extrema pobreza e de mais de 60% entre povos indígenas.
Os dados foram divulgados pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), um dos responsáveis pelo estudo, que também contou com a participação do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) e da Fundação "La Caixa", de Barcelona.
Condições de vida e saúde em foco
A pesquisa analisou informações do Cadastro Único (CadÚnico), cruzando-as com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Entre os 54,57 milhões de brasileiros incluídos no estudo, 43,8% eram beneficiários do Bolsa Família, enquanto 56,2% não recebiam o benefício.
Os resultados mostraram uma redução expressiva nos casos e mortes por tuberculose entre os beneficiários do programa, evidenciando o papel do PBF na melhoria das condições de vida, acesso à alimentação, saúde e educação, fatores diretamente ligados à prevenção e ao tratamento da doença.
“Este estudo reforça a importância de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, não apenas no combate à pobreza, mas também na promoção da saúde pública”, afirmou Priscila Pinto, pesquisadora do ISC/UFBA e co-primeira autora do artigo, em entrevista à Folha de S. Paulo.
Para o Dr. Davide Rasella, um dos autores do estudo, o programa tem impacto significativo na redução das desigualdades sociais: “Os resultados demonstram que o programa tem um papel fundamental na melhoria dos indicadores de saúde, especialmente entre os mais vulneráveis.”
Tuberculose e desigualdade social
A tuberculose é uma doença infecciosa que afeta principalmente populações em situação de vulnerabilidade, como os mais pobres e os povos indígenas. O acesso limitado a alimentos, moradia adequada e serviços de saúde são fatores que aumentam a incidência e a mortalidade relacionadas à doença.
O estudo publicado na Nature Medicine reforça que a transferência de renda por meio do Bolsa Família atua como uma política de saúde pública, ao fortalecer o sistema imunológico dos beneficiários por meio de melhor nutrição, habitação e acesso a serviços básicos.
Colaboração e resultados promissores
Além do ISGlobal, a pesquisa contou com a colaboração de instituições renomadas, como o ISC/UFBA e o Cidacs/Fiocruz Bahia, consolidando o estudo como um marco no entendimento do papel de políticas sociais na saúde pública.
Os pesquisadores enfatizam que a experiência brasileira pode servir de referência para outros países que enfrentam desafios semelhantes em relação à tuberculose e à desigualdade social. Confira a íntegra do estudo aqui.
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