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    Letras de Crédito de Desenvolvimento do BNDES são chave para economia sustentável, diz André Roncaglia

    Diretor-executivo do Brasil no FMI avalia que instrumento diversifica fontes de financiamento e reforça papel do banco na inovação e sustentabilidade

    André Roncaglia, diretor-executivo do Brasil no FMI (Foto: Reprodução/PUC-SP)

    247 - O economista André Roncaglia, diretor-executivo do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), concedeu entrevista à TV 247 e destacou a importância estratégica das Letras de Crédito de Desenvolvimento (LCD). Inspiradas nas Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), as LCDs representam um marco para diversificar as fontes de financiamento e ampliar o alcance do banco no apoio a setores estratégicos, tradicionalmente negligenciados pelo mercado privado.

    Segundo André Roncaglia, as LCDs permitem ao BNDES direcionar recursos para áreas de inovação com alta incerteza, como turbinas eólicas e hidrogênio verde. "O mercado financeiro enfrenta dificuldades em avaliar riscos em setores inovadores. O BNDES, com sua capacidade técnica e visão de longo prazo, é a instituição ideal para investir nesses projetos, trazendo segurança aos investidores", afirma Roncaglia.

    Ele aponta, no entanto, que o volume inicial de emissões, estimado em R$ 10 bilhões, é pequeno diante do mercado de renda fixa brasileiro, cujo estoque total alcança R$ 1,4 trilhão, ou 13% do PIB. "Seria necessário ampliar o porte das LCDs para que o impacto fosse mais significativo, mas reconheço as dificuldades políticas e estruturais para isso", completa.

    A emissão de LCD do BNDES tem prazo de até cinco anos e apresenta um custo abaixo do DI, índice usado como referência no mercado financeiro e que acompanha de perto a taxa Selic, atualmente em 11,25% ao ano. O novo instrumento é parte de uma estratégia do BNDES para reduzir sua dependência do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), principal fonte de recursos do banco, mas que enfrenta restrições financeiras crescentes. A atual diretoria tem buscado diversificar o funding por meio de iniciativas como a mobilização de fundos públicos, como o Fundo Clima, que estavam subutilizados.

    Inovação e transparência no mercado de capitais

    O Estudo Especial nº 18/2024 do BNDES destaca o crescimento dos instrumentos de renda fixa com incentivos tributários no Brasil, que atingiram um fluxo de captação de R$850 bilhões em 2023. Nesse contexto, as LCDs surgem como uma oportunidade para diversificar o funding dos bancos de desenvolvimento, reduzindo sua dependência de fundos públicos.

    Um diferencial do instrumento é a inclusão de mecanismos de monitoramento e avaliação de impacto, garantindo transparência e eficácia na aplicação dos recursos. "Esse modelo pode se tornar referência para outros instrumentos tributariamente incentivados, estabelecendo novos padrões de prestação de contas alinhados às melhores práticas internacionais", aponta o estudo, que está disponível na biblioteca virtual do BNDES.

    Além do BNDES, bancos regionais, como o BDMG e o BRDE, também poderão emitir LCDs, ampliando o alcance e os benefícios do instrumento. Para André Roncaglia, a iniciativa reforça o papel estratégico do BNDES como motor do desenvolvimento nacional, e neste sentido, as LCDs representam um passo importante para alinhar o mercado financeiro às necessidades da economia verde, mostrando que é possível combinar inovação, sustentabilidade e retorno financeiro. "O banco é uma joia da coroa do Brasil. Sua atuação em áreas que o mercado privado evita é fundamental para garantir investimentos em tecnologias do futuro e no combate às mudanças climáticas", afirma.

    Crescimento e industrialização

    No contexto econômico mais amplo, o diretor-executivo do FMI André Roncaglia destacou os esforços do governo Lula para redesenhar a economia brasileira em direção à reindustrialização e ao crescimento verde. Ele avalia positivamente o desempenho econômico no segundo ano do governo, com aumento da renda e redução do desemprego. No entanto, alerta para desafios relacionados à dependência de importações de máquinas e equipamentos, o que pode limitar o crescimento em setores estratégicos. "O Brasil está avançando em um ciclo virtuoso, mas precisa monitorar cuidadosamente o setor externo e a inflação, que já dá sinais de pressão sobre bens básicos", explica.

    Outro ponto central para atrair investimentos, segundo o economista, é a mudança na política econômica, que agora prioriza a agenda de transformação ecológica. Roncaglia elogia a integração entre os principais ministérios, que articulam programas como o Mais Indústria Brasil e o Plano de Transformação Ecológica, promovendo um ambiente mais propício para negócios sustentáveis. "A agenda verde está na base das políticas econômicas do governo, o que aumenta a atratividade e rentabilidade para o setor privado", afirma. Ele também ressalta o papel do BNDES e da Caixa Econômica Federal, que, ao lado de ajustes no mercado de crédito, facilitam a viabilização de investimentos. "O Brasil, apesar dos desafios, está superando as expectativas e consolidando um ambiente econômico mais sólido e inovador", conclui.

    Confira a entrevista na íntegra:

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