Lula rejeita "enfeitar" Belém para COP30 e defende expor ao mundo a realidade da Amazônia como ela é

247 - O presidente Lula defendeu, em discurso em Belém-PA nesta quinta-feira (13), que a capital não seja "enfeitada" para agradar os líderes mundiais durante a COP30, programada para novembro deste ano. 

Segundo ele, seria "mais fácil" se a conferência fosse realizada em São Paulo, Rio de Janeiro ou Bahia, onde há uma abundância de hotéis 5 estrelas. No entanto, é necessário mostrar ao mundo as condições reais de vida da população da região amazônica diante da falta de financiamento climático global, disse.

"No Pará não tem hotel, muitos locais sem tratamento de esgoto, mas fui me convencendo que a COP, que cuida da questão do clima, que o mundo inteiro fala da Amazônia, deve ocorrer lá", disse em discurso durante cerimônia de entrega de unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida. 

O presidente também voltou a cobrar o financiamento pelos países ricos e criticou as promessas não cumpridas pelas potências globais. 

"Me diziam que a Amazônia é o pulmão do mundo em minhas viagens, e a dívida externa é a pneumonia, e temos que cuidar disso para salvar o coração do mundo", afirmou. 

"Como um inglês, francês, alemão pode dar palpite? Quando mantemos 97% das florestas no Amapá totalmente preservadas… Eles já desmataram a deles e se querem que mantemos a nossa de pé, eles têm que saber que temos pessoas, trabalhadores, índios, quilombolas. Então, eles têm que pagar", seguiu Lula. 

Mesmo sem financiamento global, o presidente reiterou que não irá deixar de preservar as florestas, além da promessa de zerar o desmatamento até 2030 no país. 

Segundo Lula, somente quando os líderes globais perceberem as dificuldades atravessadas pela região amazônica ocorrerá uma conscientização verdadeira. 

"Eles têm que saber o quanto dói uma picada de carapanã, porque é bom... Se não tiver hotel 5 estrelas, durmam no de 4, de 3 ou olhando para as estrelas", afirmou. 

O presidente também disse que não irá "enfeitar" a capital paraense para impressionar os líderes globais e também rejeitou medidas como remover forçadamente as pessoas mais humildes das ruas.