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    Petrobras investe em diversificação e lidera transição energética com foco em combustíveis verdes e hidrogênio

    Segundo o diretor de transição energética da Petrobras, Mauricio Tolmasquim, companhia investirá US$ 16 bilhões até 2028 para descarbonizar suas operações

    Mauricio Tolmasquim, diretor de transição energética da Petrobras (Foto: Agência Petrobras/ Divulgação )

    247 - A transição justa para uma economia de baixo carbono tem se tornado um grande direcionador da política industrial em diversos países em empresas. A Petrobras, maior companhia brasileira, segue esta tendência e está intensificando sua atuação para alcançar a transformação energética sustentável. A estatal brasileira aumentou em 42% o orçamento destinado a iniciativas de baixo carbono, totalizando US$ 16 bilhões em investimentos previstos no atual plano de negócios para os próximos cinco anos. Isso representa 15% de todo o capital alocado pela empresa no período, evidenciando o papel central da sustentabilidade em sua estratégia.

    Em entrevista à TV 247, o diretor de transição energética da companhia, Maurício Tolmasquim, explicou que cerca de um terço do montante será direcionado para reduzir as emissões das operações da Petrobras, priorizando processos mais limpos na extração e refino de petróleo. O restante será utilizado para diversificar o portfólio de produtos com foco em soluções mais verdes. Entre os destaques estão o diesel renovável, o combustível sustentável para aviação (SAF) e o biobunker para navegação, além de novos investimentos em químicos verdes e biometano.

    Tolmasquim destacou iniciativas pioneiras, como as plantas de diesel renovável já operando no Paraná e em São Paulo, e os planos para instalar novas unidades em Duque de Caxias (RJ), Paulínia (SP) e Minas Gerais. No segmento de combustíveis para aviação, a Petrobras desenvolve plantas em Cubatão (SP) e no Polo Boaventura (RJ), utilizando tecnologias avançadas para produzir SAF a partir de óleos vegetais, gorduras animais e etanol.

    Hidrogênio verde e renováveis

    Outro pilar estratégico é o hidrogênio verde, produzido a partir da eletrólise da água usando energia renovável, como a eólica e solar. O Brasil, com seu potencial de 700 gigawatts em energia eólica onshore, oferece condições privilegiadas para liderar esse mercado. Segundo Tolmasquim, a Petrobras planeja substituir gradualmente o hidrogênio cinza usado em suas refinarias pelo verde, alinhando-se às metas globais de descarbonização.

    Além disso, a estatal está explorando o potencial de eólicas offshore e firmou parcerias para desenvolver projetos de produção de e-metanol no Nordeste, uma alternativa sustentável para abastecer o setor marítimo.

    Retorno ao etanol e expansão do biodiesel

    A Petrobras também está reavaliando sua participação no mercado de etanol, planejando formar joint ventures para operar plantas existentes e expandir a produção. A Pebio, subsidiária focada em biodiesel, foi retirada do plano de desinvestimento e terá sua capacidade ampliada para atender à crescente demanda por biocombustíveis.

    Essas iniciativas refletem o compromisso da Petrobras com a transição energética e a diversificação de sua matriz de produtos. “Queremos fazer a diferença e consolidar o Brasil como referência global na produção de energia sustentável”, concluiu Tolmasquim.

    A indústria petroquímica desempenha um papel fundamental na transição para uma economia de baixo carbono ao adotar soluções inovadoras que reduzem emissões e promovem a sustentabilidade. Segundo o estudo Descarbonização da indústria de base, publicado em novembro de 2024 pelo BNDES, entre as principais iniciativas está a substituição de matérias-primas mais poluentes, como o carvão mineral e a nafta, pelo gás natural, que apresenta maior eficiência energética e menor pegada de carbono. Além disso, o uso de hidrogênio verde na produção de insumos como amônia e metanol tem potencial para transformar setores essenciais como agricultura e transporte. O estudo, que está disponível na biblioteca digital do BNDES, elenca como iniciativas transversais para descarbonização a eficiência energética como foco principal; eletrificação de processos industriais; substituição de matérias-primas e combustíveis e captura e armazenamento de carbono (CCUS).

    A Petrobrás demonstra estar comprometida com iniciativas para descarbonização. O diretor Mauricio Tolmasquim destacou o potencial do Brasil rumo a uma transição energética sustentável, explorando recursos naturais renováveis. Segundo Tolmasquim, o país, com abundância de água, sol e terras férteis, possui um enorme potencial para a produção de biomassa, como oleaginosas, cana-de-açúcar e milho. Essa diversificação energética, afirmou, não só gera empregos e renda no campo, mas também promove uma sinergia entre os setores agrícola e energético, transformando a agricultura no "novo upstream" da indústria. Ele ressaltou que as refinarias do futuro estarão cada vez mais voltadas para o processamento de matérias-primas vindas da agricultura, consolidando o papel estratégico do Brasil na transição para uma economia de baixo carbono.

    Tolmasquim afirmou ainda que não há contradição entre os esforços da Petrobras em manter a produção de petróleo e liderar a transição energética. O Brasil pode se posicionar como um fornecedor global de petróleo com menor pegada de carbono, ao mesmo tempo em que avança em uma matriz energética mais limpa e renovável. "Essa situação aparentemente paradoxal nos coloca como uma potência energética ambiental", declarou. Para ele, essa dualidade é uma oportunidade de o país não só contribuir para o fornecimento responsável de petróleo ao mundo, mas também se consolidar como líder em soluções sustentáveis e geração de riqueza para a sociedade.

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