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Sem sustentabilidade, neoindustrialização que Brasil precisa tanto não existirá

Redução dos impactos ambientais gerados pela indústria está entre os três pilares da reindustrialização no país

Indústria de laticínios Marajoara, em Hidrolândia (GO) (Foto: Divulgação)

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247 - Neoindustrialização, um conceito relativamente novo, mas que tem sido cada vez mais frequente no noticiário econômico, especialmente em países emergentes como o Brasil. A ideia diz respeito à modernização e reestruturação da indústria, com foco na inovação e diversificação das cadeias produtivas. Segundo especialistas, tal conceito é alicerçado em três pilares, o uso de tecnologias disruptivas, como Inteligência Artificial; a digitalização de processos produtivos e a sustentabilidade.

Entre três pilares, o último já tem sido uma preocupação de mais tempo dentro do setor industrial, uma vez que já em 1975, por meio do decreto nº 1.413, que dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais, era instituído o Dia Nacional do Controle da Poluição Industrial. A data, celebrada em 14 de agosto, tem por objetivo refletir sobre os impactos ambientais causados pelos resíduos poluentes liberados por atividades industriais.

Mesmo diante de um processo de desindustrialização que o Brasil vive hoje, esse setor ainda assim responde por 25% do PIB do país, segundo dados do Portal da Indústria. Portanto, não é uma atividade que merece menos atenção. Mas ao mesmo tempo, dada a sua relevância econômica, a atividade industrial no mundo é a principal consumidora de recursos naturais do planeta. De acordo com números da ong ambiental WWF, só a indústria de alimentos consome cerca de 34% do solo e 69% da água doce disponível. Nesse sentido, exemplos como o vindo da Marajoara, uma indústria de laticínios no interior de Goiás, mais do que louváveis, são o único caminho para uma economia efetivamente sustentável e dinâmica.

Localizada na cidade de Hidrolândia, a 35 quilômetros de Goiânia, a empresa implementou em 2021 um inovador projeto de fertirrigação, que trata a água usada em seus processos fabris em todo o seu ciclo, desde a captação pela indústria até a dispersão correta no meio ambiente. “Esse processo começa na captação, depois usamos a água em nossos processos, aí então vem uma parte muito, que desencadeia todo esse ciclo de uso sustentável que temos da água: é o tratamento dessa água residual por meio da nossa própria Estação de Tratamento de Efluentes (ETE)”, explica Vinícius Junqueira, diretor de marketing e de compras da Marajoara.

Usando um método chamado flotação por ar dissolvido, em que todas as impurezas da água são separadas por meio de um equipamento chamado de flotador, a ETE da Marajoara consegue uma eficiência superior a 90%, bem acima dos 70% exigidos pela lei ambiental.

Ambientalmente correto

Vinícius afirma que, até a implantação do projeto de fertirrigação, essa água era lançada num córrego da cidade, o que legalmente está correto, já que a água era dispersa com um grau de purificação bem acima do exigido em lei. Mas ele explica que a direção da indústria queria que essa dispersão fosse ainda mais ambientalmente correta. “Com a fertirrigação conseguimos dar uma destinação mais sustentável ao recurso. Então montamos uma rede de tubulações e essa água já tratada pela nossa ETE, era usada para irrigação de uma área de pasto bem próximo à sede da indústria. Com isso, essa água reabastece o lençol freático, e o solo, como um elemento filtrante, deixa essa água 100% pura para um novo ciclo de uso”, conta Vinícius Junqueira.

O sistema de fertirrigação usado pela Marajoara envolve a instalação de três bombas em tanques de água tratada, que transportam cerca de 75 mil litros de água por hora ao longo de quase um quilômetro de tubulações. Esse volume é reaproveitado em média 1 milhão de litros de água de reuso a cada 12 horas. A água é distribuída por aproximadamente 600 aspersores, garantindo que cada gota seja bem aproveitada, sem desperdício.

Para que se tenha uma destinação totalmente sustentável e ambientalmente correta dos resíduos gerados pelos seus processos fabris, soma-se à fertirrigação da Marajoara outro importante projeto, o uso da  biomassa gerada pelo tratamento da água junto à ETE, como fertilizante para pastagens de pequenos produtores de leite na região da indústria. 

“Essa matéria orgânica que é separada água, após passar pela ETE, serve como um poderoso adubo, que contém vários nutrientes importantes para cultivo de pasto em propriedades rurais aqui em Hidrolândia, que nós cadastramos e acompanhamos. O uso dessa biomassa  trá uma significativa melhora para a produtividade e qualidade da alimentação dos animais. Antes desse projeto, tínhamos um custo algo para encaminhar essa biomassa para fazendas de compostagem, sem falar, que não era a destinação mais ideal. Hoje reaproveitamos ela da melhor maneira possível, ajudando pequenos produtores”, conta o gerente de marketing e compras da Marajoara, ao lembrar que ambos os projetos, em sua implantação, foram aprovados pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

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