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    "A cultura da Lava Jato será derrotada no Brasil", diz Carol Proner

    A jurista condenou o "autoritarismo judicial" com que Sergio Moro conduziu a Lava Jato e defendeu a postura do STF diante da crescente ameaça ao processo judicial. "É preciso ter coragem de ser contramajoritário em momentos de punitivismo judicial". Assista:

    (Foto: Divulgação | ABr)

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    247 - A advogada e professora de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carol Proner criticou na TV 247 o "autoritarismo judicial" do ex-juiz Sergio Moro, condenado por parcialidade contra o ex-presidente Lula na condução da Operação Lava Jato. Para ela, a decisão do STF que mantém a incompetência de Moro sobre os processos do líder petista é um sinal da reinstitucionalização da justiça no Brasil.

    "Essa cultura da Lava Jato vai ser derrotada pela reinstitucionalização. Temos uma cultura da Lava Jato que resiste à própria Lava Jato. Esse autoritarismo judicial, as decisões monocráticas, achar que pode dar carteiraço por aí, que não precisa usar máscaras, essas coisas que simbolizam uma juizite geral do país", disse a jurista.

    "Se um juiz de primeiro grau pode revolucionar o combate à corrupção e sair bem na foto, bem, aí não é o guarda da esquina, mas o juiz da esquina. Então, essa cultura da Lava Jato está impregnada e temos que superá-la. E o STF está dando o exemplo agora. Não é querer endeusar o Supremo, a quem tenho muitas críticas. Por exemplo, é importante a questão dos venenos, da reforma agrária e da Lei de Segurança Nacional. No entanto, como instituição, independentemente de quem sejam os membros do Tribunal, acredito que temos um otimismo no ar", completou a jurista.

    Formação dos magistrados

    Carol ainda criticou a forma como os magistrados brasileiros são selecionados. Para ela, é necessário que o Judiciário seja consciente dos problemas que mais afetam a população:

    "Temos um problema sério também dos concursos públicos para magistrados, completamente distantes dos problemas sociais da nossa população. Nós temos como nunca um descolamento completo e absoluto entre a formação dos procuradores e juízes e das carreiras públicas de modo geral com os problemas da sociedade. A sociedade mais injusta do mundo no sentido da distribuição de riqueza. É claro que os cursos de direito são também muito apáticos, por mais que tenhamos um grande grupo de juristas. 

    "Brinco com isso, a nossa rua é também ir às ruas, mas é também discutir isso nas nossas corporações, de médicos, de dentistas, de psicólogos, de advogados. Temos que começar a debater nas ruas que pertencemos, ter coragem de ser contramajoritário num momento em que o punitivismo atinge de modo geral a cultura da sociedade. Combinado com a austeridade econômica, com o autoritarismo político da extrema-direita no país, temos também um punitivismo extremo no Judiciário, que sempre existiu. Esse punitivismo tem cor, tem raça, tem sujeitos privilegiados, mas que tem também agora um alento", completou a jurista.

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