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    A intolerância é de direita

    "Há um valor mais alto posto diante de nós: resgatar a democracia e a perspectivas de sermos um país independente, não uma nação que rasteja diante do mundo rico, oferecendo-se  e oferecendo o trabalho de seus filhos a preço vil. Se não soubermos nos unir, se também quisermos praticar ódios e intolerâncias seremos cúmplices da chacina do Brasil", diz Fernando Brito, ao comentar episódios trágicos, como a chacina de Campinas e o assassinato de um ambulante no metrô de São Paulo

    "Há um valor mais alto posto diante de nós: resgatar a democracia e a perspectivas de sermos um país independente, não uma nação que rasteja diante do mundo rico, oferecendo-se  e oferecendo o trabalho de seus filhos a preço vil. Se não soubermos nos unir, se também quisermos praticar ódios e intolerâncias seremos cúmplices da chacina do Brasil", diz Fernando Brito, ao comentar episódios trágicos, como a chacina de Campinas e o assassinato de um ambulante no metrô de São Paulo (Foto: Leonardo Attuch)
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    A chacina em Campinas e o massacre em Manaus dão pra gente pensar muito.

    É fácil dizer que são monstros, e foram, nas monstruosidades que fizeram.

    Mas são produtos de uma doença coletiva, que sempre existiu de forma endêmica mas, de tempos para cá, virou um surto.

    Gente muito “bacana” e politicamente correta começou a pregar que havia um jeito certo e um jeito errado para tudo.

    Começou com o “pensamento único”, aquele que nos mandava “fazer o dever de casa”.

    Houve até um tal de Francis Fukuyama que decretou o fim da história e da evolução da sociedade pelos conflitos e sua superação.

    Como disse um certo sujeito, não se devia falar em crise, apenas trabalhar. O importante era fazer tudo como alguém tinha determinado, não importa quem fosse.

    E que, em contrapartida, nos dava o direito de que as coisas estivessem sempre “em ordem”, ainda que a ordem fosse vil, desumana, opressiva.

    As regras passam a ser a nossa razão e a nossa razão não aceita que as coisas possam ser diferentes aos olhos dos outros.

     

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    O que não é o que eu quero, o que eu acho que deve ser deve ser combatido e destruído.

    Eu sou “do bem”, meu ex-semelhante, agora inimigo, “é do mal”.

    Viramos “facções”, como os amotinados de Manaus e, às vezes, tão ferozes e criminosas quanto aquelas.

    As ideias mais absurdas começam a parecer normais, porque estamos num estado de anormalidade.

    Alguém mata um filho porque o ama? Uma mulher que ama porque esta o abandona? Ter a posse das pessoas é a condição do amor, como naqueles dramalhões do “ou minha ou de mais ninguém”?

    A mãe da história de Salomão abria mão do próprio filho por amor, para que este não morresse pela espada do Rei.

    Agora é a espada que simboliza o amor e a justiça?

    Estamos salvando o nosso país destruindo suas empresas, os empregos, a produção?

    Estamos salvando a democracia depondo eleitos e entregando o poder a quem por ele apenas conspirou?

    Estamos querendo exterminar a “facção rival” e sermos donos de um presídio e não da liberdade?

    O ódio e a intolerância são de direita porque impedem o progresso, a evolução humana, o convívio harmônico, porque o ódio e a intolerância só vencem pela destruição.

    Devemos fazer um exercício diário de imunização a ele, porque é fácil contrair esta doença.

    E passar a não ver que bem e mal não são compartimentos estanques e o que determina nossa humanidade é fazer um e conter o outro.

    Para salvar o Brasil deste caos, é preciso entender que isso não se fará com uma seita fundamentalista.

    Quem acredita nisso são os Moros e Dallagnóis.

    Há um valor mais alto posto diante de nós: resgatar a democracia e a perspectivas de sermos um país independente, não uma nação que rasteja diante do mundo rico, oferecendo-se  e oferecendo o trabalho de seus filhos a preço vil.

    Se não soubermos nos unir, se também quisermos praticar ódios e intolerâncias seremos cúmplices da chacina do Brasil.

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