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    Agressões a Patrícia Campos Mello tiveram origem nos ataques a Dilma, diz professora

    Autora da tese de doutorado que analisa comentários feitos contra a ex-presidente durante o golpe, a professor Perla Haydee da Silva diz que os ataques machistas de Bolsonaro contra repórter da ‘Folha’ são semelhantes. “É a mesma agressividade. A violência começa pela linguagem”

    Jair Bolsonaro e Patricia Campos Mello (Foto: Reuters | Alice Vergueiro/Abraji)

    Por Clara Assunção, na Rede Brasil Atual – “O que pesou, com certeza, para que S.Exª. (Sua Excelência), ocupasse esse Ministério foi seu passado de integrante da quadrilha que assaltou, no Rio de Janeiro, a casa de uma mulher muito íntima a Adhemar de Barros, levando dois milhões e meio de dólares (…) Depois desse elogio a Dilma Rousseff, até para desqualificar a assaltada, quero tachá-la de amante de Adhemar de Barros. Dilma Rousseff, por enquanto, não falarei do seu passado nesta Casa. Se tentar reagir, exporei seu passado. A tortura que S.Exª. sofreu foi fruto de abstinência.” 

    Quase 15 anos e um cargo de presidente da República separam o discurso acim de seu autor, o na época deputado federal pelo PP do Rio de Janeiro Jair Bolsonaro. Mas, apesar do tempo e do teor da declaração feita na Câmara, em março de 2005, durante uma sessão solene que prestava homenagem a militares mortos na Guerrilha do Araguaia, a pecha de machista só veio a ser de fato cunhada pela mídia na (18), quando o agora presidente Bolsonaro insultou com insinuação sexual a repórter Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S. Paulo

    Aquele discurso de 2005 – no momento em que Dilma assumia o Ministério da Casa Civil do governo Lula, substituindo a José Dirceu –, no mínimo poderia ter sido enquadrado pelo ensejo à tortura e seus torturadores da ditadura civil-militar, ou ainda pela própria violência contra a ministra pelo o fato de ser uma mulher. A mesma da qual foi vítima depois de assumir a presidência, até ser deposta por um golpe jurídico, parlamentar e midiático em 2016.

    Violência que historicamente acomete as mulheres do país e agora são “legitimadas” pelo próprio presidente: a misoginia. 

    É como avalia a professora na área de Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Perla Haydee da Silva, autora da tese de doutorado, apresentada em outubro do ano passado, De Louca a Incompetente: Construções Discursivas em Relação à Ex-Presidenta Dilma Rousseff em uma rede social. “Eu vejo muita semelhança nos discursos a respeito de Dilma com os discursos que circulam agora no bolsonarismo a respeito da mulher.  É a mesma agressividade. A mesma associação da mulher não ideal, que não se conforma com esses papéis de gênero, a mulher ‘nojenta, devassa, prostituta’”, destaca a pesquisadora. 

    Entre os cerca de 3 mil comentários postados três semanas antes e uma semana depois do golpe na página do Facebook do Movimento Brasil Livre (MBL) com relação à ex-presidenta, Perla comprovou com sua tese que o modo como Dilma foi tratada, inclusive pela imprensa tradicional, tem relação direta com os discursos sexistas sobre as mulheres de uma forma geral, revelando uma sociedade controladora e machista, que limita a mulher aos espaços domésticos para excluí-las dos espaços públicos e de poder. 

    “Esses espaços, preferencialmente, são construídos discursivamente como masculinos”, explica a professora. “Então a gente tem essas mulheres que vão para o espaço público, como Dilma, que ocupam uma posição de comando, como Dilma ocupou, e a ela são associadas outras imagens, que não a imagem materna ou virginal da Virgem Maria, mas ela é lasciva, puta, devassa, sapatão. Ela não é mulher ideal, ela não é bela, recatada e do lar como a esposa do (Michel) Temer”, explica a professora que em sua tese reflete sobre os papéis de gênero que são construídos na sociedade. 

    Em sua coleta de dados para o trabalho, a pesquisadora descobriu, entre outros “achados”, um adesivo, que chegou a ser comercializado pelo site Mercado Livre, com a imagem da ex-presidenta sorrindo, de pernas aberta para ser colado na entrada do tanque de combustível dos carros; o livro Dilmês – o idioma da mulher sapiens – e comentários como “olha,  agora eu acredito que Dilma foi torturada e bateram muito na cabeça dela! Ela está com um coágulo de excremento na cabeça” ou ainda “o pau é tão grande que Dilma ficou exclerozada (sic)” etc. 

    O material permitiu à pesquisadora identificar quatro tipos de estereótipos nos quais estão alicerçadas a imagem de Dilma – e das mulheres de uma forma geral – o de louca, burra, puta e abjeto/nojenta. Que colocaram ainda em xeque a moral e a competência da ex-presidenta. 

    Nesta entrevista à RBA, a professora reflete sobre as implicações desse tipo de discurso usado contra Dilma sobre as mulheres e o mais recente ataque de Bolsonaro à jornalista da Folha, dentro do campo da linguística. E analisa a falta de representação feminina na política como um sintoma dessas agressões cotidianas para destacar que “a violência contra a mulher começa pela linguagem”. Mas a luta também pode se dar por ela.

    Leia os principais trechos da entrevista: 

    Sobre a imagem que é construída discursivamente sobre a ex-presidenta Dilma no Facebook, você levanta quatro tipos de estereótipos, louca, burra, puta e abjeta/nojenta. Esses discursos estão restritos a parte dos usuários, que num países desigual como o nosso, tem acesso à internet e a essa rede social, ou na verdade eles revelam algo sobre a nossa sociedade em geral?

    Eu não acredito que eles estejam restritos àquela parcela da população que utiliza Facebook. Até porque, quando eu falo da análise desses comentários, eu vou comparando com outros discursos que permeiam e circulam na sociedade acerca da mulher.

    Então eu demonstro como é que esses discursos não estão presentes só ali no comentários.

    Os comentários na verdade estão repetindo e reiterando outros discursos que circulam. E daí eu trago exemplos de revistas, de adesivos que foram feitos depreciando Dilma para colar no carro, na bomba de gasolina, eu falo das piadas: a piada da mulher burra, que só serve para pilotar fogão, o programa de televisão que fala “cala boca Magda!” como um bordão recorrente. 

    Então eu realmente acredito que esses discursos que estão na tese, na verdade, circulam na nossa sociedade como um todo e ali eu só demonstro exemplos em que eles estão sendo repetidos de uma forma diferente.

    E esses discursos recorrentes, o que eles revelam sobre o lugar que foi construído para ser o da mulher?

    Com essas categorias a gente consegue perceber então que a mulher, como já é discutido em teorias acerca dos papéis de gênero – e aqui eu não estou dizendo toda mulher, porque é óbvio que são várias mulheres – mas, no geral, para a mulher – e a gente tem percebido isso muito fortemente nesses últimos dias –, é preferível que ela esteja circunscrita ao espaço doméstico, ao cuidado dos filhos, do marido, dos idosos doentes.

    Tanto que a gente tem aí uma preferência das mulheres por profissões acadêmicas de cuidado. É psicologia, assistência social, enfermagem, a própria docência, o magistério. E não posições de comando, espaços políticos, que são espaços que preferencialmente são construídos discursivamente como masculinos. 

    Tanto que a gente tem essa ideia, que muitas mulheres repetem, de que ‘política não é coisa de mulher’, ‘mulher não gosta de política’, e na verdade, não se espera que a mulher queira participar da política. 

    E também falando disso da mulher, de como pertencendo ao espaço doméstico, entra aí também a questão do recado. A gente espera que uma mulher que é mãe seja recatada, que ela se proteja, que ela não tenha autonomia com respeito à sua sexualidade, porque não combina com uma mulher que pertence ao espaço doméstico. 

    E a gente tem aí essas mulheres que vão para o espaço público, como Dilma, que ocupam uma posição de comando, como Dilma ocupou, e associa-se a ela outras imagens, que não a imagem materna ou virginal, mas ela é lasciva, puta, devassa, sapatão. Então, reforçando essa imagem, ela não é a mulher ideal, ela não é bela, recatada e do lar como a esposa do Temer.

    Com esse tecido social, quais as implicações dessas imagens que foram associadas à Dilma sobre as mulheres de uma forma geral?

    Tem uma autora americana (Susan Faludi) que fala sobre o Backlash, que é uma onda conservadora, contra o feminismo, as pautas feministas. O que eu tenho observado que a gente está vivendo hoje – e esse livro não é recente – é que estamos vivendo essa retomada do conservadorismo, essa guinada para à direita que o mundo, como um todo, tem dado.

    A gente observa na esteira dessa guinada uma espécie de Backlash, uma oposição ao movimento feminista e ao que ele defende. 

    Eu acho que esses discursos com respeito à Dilma, eles fazem muita apologia a essa desvalorização do feminismo e das conquistas feministas, tanto que você viu a declaração do (deputado) Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, que falou no Congresso que as mulheres deveriam raspar o sovaco porque senão elas fediam.

    Isso é bem característico do Backlash, associar o feminismo a característica não femininas, mas a características nojentas, abjetas. Assim, uma mulher feminista, que luta pelo seu espaço, é uma mulher feia, gorda, ela fede, não se depila, ela é sapatão, ela é nojenta.

    Já foi atribuído um sentido pejorativo ao feminismo. As pessoas não chegam nem a analisar o que está por trás daquele movimento

    Em termos de linguagem, a palavra feminismo tem o seu sentido deturpado. Se a violência contra as mulheres começa pela linguagem, a briga das mulheres por direitos também deveria começar pela linguagem?

    É por isso que eu sou apaixonada pela análise do discurso e pelo trabalho com a linguagem, porque eu acho que tudo começa na linguagem, tudo é construído, todo o nosso tecido social, nossas opiniões e gosto, nossas preferências, tudo é construído por meio da linguagem. 

    Eu penso muito nisso no papel da religião, isso me chama muito a atenção, de como é que se faz uso, principalmente hoje em dia, do discurso religioso para legitimar esses valores e ideias conservadoras.

    É muito comum você ver nessas igrejas mulheres pastoras que levantam o bordão ‘eu sou feminina, não sou feminista’, como se as duas coisas fossem opostas, que é impossível uma mulher feminista ser feminina, e ser feminina é ser do lar, dócil, submissa.

    Com a linguagem a gente vai reforçando uma ideia e uma imagem. Então é por meio da linguagem que a gente tem que desconstruir essa imagem também. E isso a gente tem que evidenciar, tem que expor, falar.

    A grande luta, na minha opinião, é como fazer com que essas ideias saiam da nossa bolha. Entre nós, é muito clara essa ideia em torno desses discursos, mas como fazer com que esses nossos argumentos e visões sejam apreciadas por outras pessoas que não estão na nossa bolha? Até para elas decidirem, ‘concordo ou não concordo’. Mas elas não chegam a ter acesso a isso às vezes.

    Isso explica, por exemplo, a forma como os protestos do #elenão foram distorcidos? Por exemplo, dias após os atos, uma pesquisa Datafolha mostrava uma vantagem maior de votos para o Bolsonaro.

    Eu acho que é bem isso, a própria palavra feminismo já carrega essa pecha negativa, ‘opa, é feminista, então não quero’. Eu acho que são exatamente os sentidos que são atribuídos para a coisas, para a realidade.

    Já foi atribuído um sentido pejorativo ao feminismo e quando um Bolsonaro diz que as ‘feministas fedem, não têm dinheiro, não raspam as axilas’, ele está reforçando essa ideia de que tudo que vem associado ao feminismo não presta e as pessoas não chegam nem a analisar o que está por trás daquele movimento. Elas simplesmente rechaçam. 

    Ligando os insultos que a Dilma sofreu no processo de impeachment, isso está diretamente relacionado com a linguagem que está no cerne do bolsonarismo?

    Eu acredito que guarda relação sim. Se você observar, há uma relação muito evidente no que a gente observou nos comentários com respeito à Dilma e à fala do Bolsonaro com relação à repórter, Patrícia (Campos Mello). 

    Dilma também, quando ela é associada em várias capas de revistas e algumas reportagens à imagem, mas, principalmente, ao adesivo que cito incisivamente na tese, que foi feito, comercializado pelo Mercado Livre, em que Dilma era retratada sorrindo, em uma posição deitada com as pernas abertas e ali esse adesivo era colado na entrada da bomba de gasolina do carro, então quando se colocava ali a bomba de gasolina para abastecer o carro, era como se aquele objeto fálico tivesse penetrando na vagina dela, e isso que era o adesivo.

    E esse adesivo foi comercializado por um certo tempo no Mercado Livre, ele sofreu denúncia do Ministério Público e foi retirada a venda e o anúncio, mas a imagem já tinha ido, já estava na internet inclusive. Então o que você observa nesse adesivo é a associação de Dilma com uma imagem de oferecimento sexual, é uma mulher que não se resguarda, que se oferece sexualmente.

    Não é exatamente isso que o Bolsonaro deixa implícito a respeito da jornalista da Folha? É uma mulher que está se oferecendo sexualmente. 

    Então essa imagem da mulher que se oferece contrasta totalmente com a imagem da mulher ideal esperada na sociedade. A mulher que é ideal se resguarda, não tem prazer, não tem apetite sexual.

    Tanto que quando uma mulher é violentada, geralmente ela é culpabilizada. ‘Onde que ela estava? Por que ela estava andando ali? Por que ela não se protegeu?’.

    Eu vejo muita semelhança nos discursos a respeito da Dilma com os discursos que circulam agora no bolsonarismo a respeito da mulher. É a mesma agressividade, a mesma associação da mulher não ideal, que não se conforma com esses papéis de gênero, a mulher nojenta, devassa, prostituta. 

    Além de projetar essa imagem de como a mulher não deve ser, esses discursos também questionam tanto a competência como da repórter, mas eles também desumanizam essas duas mulheres. Isso explica, por exemplo, a falta de apontamento de que a Dilma no processo de impeachment sofreu machismo? Por que essa foi uma análise que demorou a vir?

    Sim, a competência da Dilma é extremamente questionada, é uma das categorias que eu analisei na tese. Ela é constantemente chamada de burra, de anta, “Dilmanta”, “Dilmula”.  

    Apesar de Dilma ter uma formação e ter provado sua capacidade antes da presidência com os cargos que ela exerceu no governo, ainda assim, ela era retratada como a burra, a incapaz nesses discursos. Mas o Bolsonaro, apesar de não ter essa noção que ela tinha e dele dizer claramente que não entende de economia, nem de nada – ‘com respeito a isso fala com o Guedes’, ‘com respeito a isso fala com o Moro’ –, ainda assim, a inabilidade dele não é retratada como sendo a sua essência. O discurso não diz ‘Bolsonaro é burro’. Não, o discurso é ‘Bolsonaro não entende disso’. 

    “Eu acho que a nossa indignação aumentou. Antes acho que estávamos muito sonolentos ao processo, as coisas aconteciam, mas a gente não estava realmente acreditando no que estava acontecendo e que ia dar nisso tudo.”

    Mas ainda assim ele é capaz de ser um bom presidente, já ela (Dilma) não. Ela pode entender muito de economia, mas ela não é capaz de ser presidenta. 

    Isso é muito evidente quando você vê a Patrícia, o currículo dela, as habilidades e os trabalhos que ela já fez e, ainda assim, ‘ela não é capaz, ela só consegue informações a base de favores sexuais. Ela exerce a função dela utilizando-se de recursos sexuais’. 

    O que diferencia o machismo sofrido por Dilma, em 2016, quando poucos setores levantaram para dizer que era isso que estava acontecendo, do ataque sofrido pela Patrícia Campos Mello? Imediatamente após o ataque do Bolsonaro, as manchetes eram ‘Bolsonaro comete machismo, é misógino, faz insinuação sexual’, por que foi tão claro com a Patrícia e com a Dilma não?

    Eu estou conjecturando. Num primeiro pensamento eu diria que talvez a academia está mais desperta, eu acho que a sociedade está mais atenta a isso agora, talvez antes isso não estava tão aflorado. 

    Eu acho que a nossa indignação aumentou. Antes acho que estávamos muito sonolentos ao processo, as coisas aconteciam, mas a gente não estava realmente acreditando no que estava acontecendo e que ia dar nisso tudo.

    Então qual sua avaliação sobre as críticas que foram feitas logo após a repercussão do ataque de Bolsonaro contra jornalistas que inclusive defenderam o golpe, dissociando a ideia de machismo dentro do processo. Você concorda com essa análise que aponta seletivismo na reação?

    É complexo. De fato Dilma sofreu muitos ataques, mas não sei se ficou tão escancarado. Uma coisa é aquilo que rola no Facebook, que as pessoas comentam, outra coisa é um presidente da República, em rede nacional, aparecer atacando a honra de uma mulher. Eu acho que o impacto disso é muito grande. 

    Eu penso que Dilma sofreu misoginia, sofreu machismo, mas talvez – e eu acho que isso é claro também –, esse machismo, esse conservadorismo, ele saiu um pouco das sombras, deixou de ser esconder, de se velar com a eleição de Bolsonaro.

    Agora a coisa está muito mais escancarada, é como se todas essas ideias que antes eram anunciadas, mas com certa camuflagem, maquiagem, agora elas estão escancaradas, ninguém tem a necessidade de maquiar mais. 

    A pessoa pode ser racista, homofóbica, misógina, sem tentar camuflar isso, porque o presidente é. 

    Em tempos de bolha então, como reverter esse estado de coisas para impedir essa violência simbólica e real contra as mulheres?

    Eu acho que o caminho é o diálogo, a gente não pode desistir dessa desnaturalização. A gente precisa pegar uma fala como essa de ‘não sou feminista, sou feminina’, e discutir, evidenciar, ‘olha, na verdade, o que está sendo dito aqui é isso’, a ‘fala de cala boca está retomando isso’. 

    Acho que o caminho é esse, o diálogo. Às vezes as pessoas não percebem esse mecanismo, não dizendo que elas sejam obtusas, mas acho que às vezes não percebem que a carga por trás de algumas enunciações, que o feminismo não é o oposto do machismo, que não ele não busca a opressão. Eu realmente penso que o caminho é não desistir de dialogar. 

    E sem tentar mascarar, as vezes a gente pensa de deixar de ser incisivo na linguagem para não assustar, e eu acho que não. A gente tem que falar, tem que nomear as coisas pelo o que elas são e persistir, por mais que as coisas estejam desanimadoras a gente tem que continuar. Isso vai passar, como tudo passa.

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