Anac garante que a inspeção de passageiros em aeroportos é aleatória
No entanto, episódios recentes de passageiros que se sentiram discriminados reacenderam o debate sobre a possibilidade de práticas racistas no seto
247 - A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) lançou, na quarta-feira (18/12), a campanha "Embarque Numa Boa: Segurança e Respeito em Cada Inspeção", com o objetivo de informar passageiros sobre os procedimentos de segurança nos aeroportos brasileiros. Segundo a agência, as inspeções realizadas são aleatórias e não têm relação com características pessoais, como raça, gênero, religião ou aparência. A iniciativa busca conscientizar tanto viajantes quanto agentes de proteção, reforçando a importância do respeito e da dignidade em todas as abordagens.
“A inspeção de segurança não tem relação alguma com origem, raça, sexo, idade, profissão, identidade de gênero, orientação sexual, religiosa ou qualquer outra característica da pessoa”, esclareceu a Anac em uma das cartilhas da campanha.
No entanto, episódios recentes de passageiros que se sentiram discriminados durante revistas em aeroportos reacenderam o debate sobre a possibilidade de práticas racistas no setor. O caso do deputado estadual Renato Freitas (PT-RR), em maio do ano passado, é um exemplo. Retirado de um voo em Foz do Iguaçu (PR) para uma revista, Freitas classificou a abordagem como racista, mesmo após os policiais alegarem que o procedimento foi determinado de forma aleatória pelo sistema.
Relatos de discriminação levantam preocupações
Além de Freitas, a professora Samantha Vitena também denunciou uma abordagem semelhante em um voo de Salvador para São Paulo. Apesar de um agente federal afirmar que a revista foi motivada por problemas na bagagem, Samantha relatou que a situação já havia sido resolvida anteriormente, levantando questionamentos sobre o real motivo da inspeção.
O Ministério das Mulheres comentou o caso em suas redes sociais, afirmando que episódios como este demonstram o impacto do racismo estrutural no país. “Demonstra o racismo e a misoginia que atingem de forma estrutural as mulheres negras em nosso país”, destacou a pasta.
Especialistas questionam práticas atuais
Kênia Aquino, cofundadora do coletivo Quilombo Aéreo e técnica em segurança de voo, defende mudanças nas regras de inspeção, apontando que o racismo permeia não apenas os aeroportos, mas diversos espaços sociais. “Os corpos negros seguem sendo vistos de forma diferente. Os órgãos, as empresas e os prestadores de serviço da aviação civil precisam se adaptar aos diversos corpos que embarcam e desembarcam todos os dias no transporte aéreo”, afirmou.
Kênia lembra que mudanças já ocorreram no passado, como a permissão do uso de cabelos afro por profissionais da aviação, e acredita que novos ajustes são possíveis. “Já passou de hora de parar de utilizar a segurança do voo como desculpa para perpetuar atitudes racistas”, concluiu.
Recomendações da Anac e o papel da segurança
Em suas orientações, a Anac reforça que passageiros podem solicitar que revistas pessoais sejam realizadas em locais reservados, por agentes do mesmo gênero. Entretanto, a recusa em se submeter aos procedimentos pode resultar na proibição de embarque, sendo acionadas autoridades de segurança se necessário.
A agência também estimula que quem se sentir desrespeitado durante as inspeções registre reclamações nas ouvidorias do Ministério da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos, das Mulheres ou na própria plataforma da Anac, a Fala.BR.
Apesar da campanha e das explicações da Anac, os relatos de discriminação reforçam a necessidade de revisão nas práticas de inspeção, especialmente para evitar que preconceitos sejam reproduzidos em um ambiente que deve primar pela segurança e pelo respeito aos direitos humanos.
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