Após 15 anos, resultados demonstram importância da Unila para o Brasil

247 - Criada para promover a integração latino-americana por meio do ensino superior, a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) celebrou 15 anos de existência em janeiro deste ano. Com mais de 30 nacionalidades representadas entre seus estudantes, a instituição se consolidou como a universidade brasileira com maior presença de estrangeiros na graduação. Além de fortalecer as relações internacionais do Brasil, a Unila impulsiona a economia e a cultura da Tríplice Fronteira.

Atualmente, quase 5 mil alunos frequentam os cursos da universidade, incluindo brasileiros, haitianos, paraguaios e colombianos. A demanda por vagas tem aumentado nos últimos anos, e a projeção é que o número de estudantes alcance 10 mil, capacidade para a qual a Unila foi planejada. “Na época da instalação da universidade, havia muitas dúvidas sobre a viabilidade de um modelo tão diverso e inclusivo. O tempo mostrou que sim”, afirma o professor Fábio Borges, diretor do Instituto Latino-Americano de Economia, Sociedade e Política (Ilaesp). “Hoje temos 29 cursos de graduação, mais de uma dúzia de mestrados e dois doutorados muito bem avaliados.”

A Itaipu Binacional teve papel fundamental no surgimento da universidade, doando o terreno e o projeto do campus, assinado por Oscar Niemeyer. Enquanto as obras não eram concluídas, as aulas foram realizadas em espaços do então Parque Tecnológico Itaipu (PTI). Para Micael Alvino da Silva, professor de História e Relações Internacionais da Unila, essa iniciativa reforçou o papel da hidrelétrica como um símbolo de integração regional. “A Unila contribui para fazer do Brasil um polo de produção de conhecimento na América Latina e amplia as relações do País por meio do ensino”, avalia.

Além da formação acadêmica, a universidade impacta diretamente a cidade de Foz do Iguaçu e a região de fronteira. A presença da comunidade acadêmica movimenta a economia local, tanto pelo consumo dos estudantes quanto pelos recursos de assistência estudantil para alunos de baixa renda. Projetos de extensão beneficiam a população e a chegada de professores altamente qualificados fortalece a produção científica e cultural. Cursos voltados para artes e humanidades também ampliam o cenário cultural da cidade.

Retomada das obras do campus

Após anos de paralisação, a construção do campus definitivo da Unila será retomada. Em dezembro, o Escritório das Nações Unidas de Serviços e Projetos (Unops) publicou edital para contratar a empresa responsável pela conclusão do complexo, com previsão de entrega até 2027. O projeto, que já recebeu R$ 105 milhões do Ministério da Educação antes da interrupção em 2014, é considerado um marco para a universidade.

“A conclusão do campus finaliza uma das últimas obras de Oscar Niemeyer, que tem grande valor simbólico e poderá impactar o turismo local, assim como outras criações emblemáticas do arquiteto”, destaca Gisele Ricobom, professora pioneira da Unila e representante da Itaipu no Comitê Executivo da Retomada do Campus. Com a nova estrutura, a universidade poderá expandir sua atuação e consolidar ainda mais sua importância para o Brasil e a América Latina.

Apoio histórico da Itaipu ao ensino

Desde a construção da hidrelétrica, Itaipu investe na educação da região, tendo criado escolas para os trabalhadores e apoiado programas de capacitação. Nos anos seguintes, fortaleceu parcerias com instituições como o Instituto Federal do Paraná (IFPR), a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), promovendo o desenvolvimento acadêmico e científico na região.

Gisele Ricobom ressalta que essa tradição se alinha à missão da empresa. “A relação da Itaipu com o ensino reflete tanto a busca por maior eficiência na geração de energia limpa e renovável quanto o compromisso com o desenvolvimento sustentável da região”, afirma. Para ela, a conclusão do campus da Unila é um passo natural dessa trajetória, garantindo que a universidade continue a transformar a realidade da Tríplice Fronteira e fortalecer a posição do Brasil como referência no ensino superior latino-americano.