Arthur Chioro: “agora temos um legítimo ministro que expressa a necropolítica”
Ex-ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff critica Luiz Henrique Mandetta, mas diz que sua saída é ainda pior para a condução da crise do coronavírus. Para ele, a fala do novo ministro, Nelson Teich, sobre priorizar o tratamento de um adolescente no lugar de um idoso é a “expressão clara da necropolítica”
247 - O médico sanitarista e ex-ministro da Saúde Arthur Chioro falou à TV 247 sobre a situação do sistema de saúde brasileiro em meio à crise do coronavírus, defendeu que o Estado deveria coordenar todos os leitos de UTIs do País e avaliou politicamente a saída de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde e a entrada de Nelson Teich.
Chioro, que atuou no governo Dilma Rousseff, criticou Mandetta, mas afirmou que sua saída é ainda pior para a condução da crise neste momento. Ele definiu também como “a expressão clara da necropolítica” a fala do novo ministro, Nelson Teich, em um vídeo de abril de 2019 em que ele diz que, numa situação onde não há recursos para tratar todos, um adolescente deveria ser priorizado diante dos idosos, por ter mais tempo de vida. “Eu achava que o Mandetta era uma expressão enrustida da necropolítica. Agora temos um legítimo ministro que expressa a necropolítica”, afirmou.
Chioro lembra que Mandetta, apesar de ter saído do governo com uma boa imagem em meio à crise, foi um dos principais responsáveis pela aprovação da EC 95 - do teto de gastos -, que prejudicou de forma cruel os repasses para a saúde pública. O que vem por aí na condução da crise, com Nelson Teich à frente da pasta, no entanto, é muito pior, avalia o ex-ministro.
“Em meio à pior pandemia do último século, colocar no comando do Ministério da Saúde uma autoridade que não sabe o que é o SUS... ele terá um tempo de aprendizado que custará caríssimo para a sociedade brasileira. Ninguém torce para dar errado porque seria torcer contra a sociedade. Ele tem que acertar, mas a chance de ele acertar é nenhuma”.
Chioro criticou ainda a falta de coordenação do governo federal com estados e municípios para lidar com a crise, com governadores encomendando equipamentos da China, prefeitos requisitando leitos de UTIs do setor privado, sem diálogo entre si. “Isso nós perdemos, já não dá mais tempo. E quando esses caras (nova equipe do governo) começarem a entender o que é o sistema de saúde, acabou a pandemia”.
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