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    Bolsonaro volta a acusar ONGs por incêndios na Amazônia, mas se cala sobre ruralistas

    Um dia após brigadistas do Pará terem sido presos sob a suspeita de atearem fogo intencionalmente na Amazônia, Jair Bolsonaro lembrou que já havia responsabilizado as ONGS pela tragédia ambiental. Sobre as acusações dos incêndios terem sido cometidos por grileiros e fazendeiros, contudo, ele não se pronunciou

    (Foto: Divulgação-PR)

    Jake Spring, Reuters - O presidente Jair Bolsonaro lembrou nesta quarta-feira, em publicação no Twitter, que já havia relacionado os focos de incêndio na floresta amazônica com organizações não governamentais, um dia após a polícia do Pará ter prendido brigadistas suspeitos de atearem fogo intencionalmente.

    “Em outubro declarei que muitos focos de incêndios poderiam estar ligados a ONGs. Agora a polícia paraense prende alguns suspeitos pelo crime”, disse Bolsonaro na publicação, em que compartilhou uma reportagem sobre a prisão dos brigadistas pela Polícia Civil do Pará na véspera.

    Segundo a polícia, os quatro brigadistas presos atuavam na região de Alter do Chão, no Pará, onde uma série de incêndios ocorreu neste ano. A polícia disse que os incêndios criminosos visavam angariar doações aos bombeiros voluntários, mas ativistas disseram que as prisões representam uma pressão do governo sobre grupos ambientalistas.

    Realizar as prisões “foi um ato de agressão”, disse o deputado federal Airton Faleiro (PT-PA) a repórteres em entrevista coletiva realizada por um grupo ambientalista em Brasília, na terça-feira.

    Faleiro disse que o governo está tentando atribuir os incêndios a organizações não governamentais ao invés de grileiros, que ambientalistas dizem ter iniciado as chamas para liberar terras virgens para a agricultura e a pecuária.

    O número de incêndios na Amazônia brasileira disparou em agosto, provocando críticas globais segundo as quais o país não estava fazendo o bastante para proteger a maior floresta tropical do mundo.

    A Polícia Civil do Pará disse em um comunicado que prendeu os quatro membros da Brigada de Incêndio de Alter do Chão como medida preventiva em meio a uma investigação sobre as circunstâncias do ocorrido.

    A polícia argumentou que os brigadistas tinham “informações e imagens privilegiadas dos focos de incêndio” que despertaram suspeita.

    “Eles filmavam, publicavam e depois eram acionados pelo poder público a auxiliar no controle de um incêndio que eles mesmos causavam”, disse o delegado José Humberto Melo Jr., titular da Diretoria de Polícia do Interior, no comunicado.

    “Toda vez alegavam surpresa ao chegar no local, mas não havia outra possibilidade lógica.”

    Segundo a polícia, as imagens foram usadas para fraudar doadores, inclusive um que deu 300 mil reais ao grupo.

    Não foi possível contatar os brigadistas e seu representante legal de imediato para obter comentários.

    A polícia também realizou uma batida em uma ONG chamada Projeto Saúde e Alegria que está intimamente ligada aos esforços de prevenção de incêndios, informou.

    O Greenpeace repudiou as prisões, dizendo representar “uma tentativa de criminalizar movimentos sociais e ONGs que trabalham para preservar a Amazônia”.

    Reportagem adicional de Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro, e Stephen Eisenhammer e Brad Haynes, em São Paulo.

    Confira a postagem de Jair Bolsonaro sobre o assunto. 

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