Bolsonaro ignora ciência e diz que vai editar parecer que desobriga o uso de máscara por vacinados
Autoridades de saúde recomendam a manutenção das práticas de prevenção à Covid-19 mesmo após a imunização. O parecer, segundo Bolsonaro, também valerá para quem já tiver sido infectado pelo coronavírus, ainda que exista a possibilidade de reinfecção
247 - Em discurso no Palácio do Planalto nesta quinta-feira (10), Jair Bolsonaro deu mais uma prova de seu negacionismo e afirmou ter ordenado ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que edite um parecer que desobrigue o uso de máscara de proteção contra o coronavírus por brasileiros já vacinados. A portaria, segundo Bolsonaro, se estenderá àqueles que já tenham sido contaminados pelo coronavírus, mesmo com a possibilidade de reinfecção.
A medida contraria as recomendações de autoridades sanitárias, que pedem a manutenção das práticas de prevenção à Covid-19 mesmo após a vacinação. Isto porque mesmo os imunizados não têm proteção 100% garantida contra a doença e ainda sim podem transmitir o vírus a outras pessoas que por ventura não tenham sido vacinadas.
Em live, voltou ao tema
Em live transmitida à noite pelas redes sociais, pouco depois do discurso, Bolsonaro voltou a falar sobre a proposta. “Eu falei com o Queiroga mais cedo. Ele vai fazer um estudo para tentar desobrigar o uso de máscaras a quem já foi vacinado ou já contraiu o vírus.
“A gente não pode viver nessa opressão a vida toda”, afirmou. “Vamos ficar reféns de máscara até quando? Tá servindo para multar gente, pessoal. Tô ameaçado de ser multado em São Paulo se eu não usar máscara”, acrescentou.
Especialistas avaliam que a medida é temerária neste momento e que os cuidados devem ser mantidos mesmo após a imunização. “Não tem nenhum sentido. É uma orientação apenas política porque não tem nenhuma justificativa médica para isso. Mesmo a pessoa que já teve ou que já foi vacinada não está livre de se reinfectar. Enquanto estiver circulando o vírus neste nível alto, não existe essa possibilidade. Neste momento é temerário”, disse ao G1 Munir Ayub, membro do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor de Infectologia da Faculdade de Medicina do ABC.
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