Para agradar Trump, governo Bolsonaro expulsa todos os diplomatas da Venezuela
O Ministério das Relações Exteriores, comandado por Ernesto Araújo, afirmou que eles têm até 2 de maio para sair do Brasil. A medida atinge 34 diplomatas
Do Opera Mundi - Em documento assinado nesta terça-feira (28/04), e considerado de caráter “urgentíssimo”, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil comunicou que os 34 funcionários diplomáticos venezuelanos devem abandonar suas sedes e regressar à Venezuela no máximo até o dia 2 de maio.
A medida inclui não só os diplomatas que trabalham na Embaixada da Venezuela em Brasília como também os que atuam nos consulados presentes nas cidades de Belém, Boa Vista, Manaus, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.
Os funcionários expulsos do país são aqueles reconhecidos pelo governo legítimo da Venezuela, comandado pelo presidente eleito do país, Nicolás Maduro. No entanto, o governo brasileiro costuma afirmar que reconhece como interlocutores os representantes legais de Juan Guaidó, líder de um setor da oposição, e que se autoproclamou presidente.
Não está claro, na decisão do Itamaraty, se esses representantes, liderados por María Teresa Belandria, passarão a ocupar as sedes diplomáticas venezuelanas no Brasil, após a expulsão dos representantes do governo de Maduro.
Em março, Brasília já havia removido seus funcionários diplomáticos de Caracas. No dia 16 de abril, fechou a embaixada na Venezuela.
“Ação covarde”
Para o professor de relações internacionais da UFABC Gilberto Maringoni, o Brasil se presta a um “papel ridículo” ao “realizar uma ação covarde e vergonhosa de expulsar os diplomatas”. Além disso, segundo ele, o ato revela “uma articulação subordinada ao Departamento de Estado norte-americano”.
“Qual o interesse objetivo do Brasil, uma economia em crise profunda desde 2015 e que vive o agravamento da pandemia, em comprar briga com um país com quem nunca tivemos contenciosos sérios? Trata-se de um atrito postiço criado pela mentalidade subalterna da atual diplomacia brasileira”, afirmou a Opera Mundi.
Maringoni lembra que a ação vem junto a uma série de provocações norte-americanas contra Caracas. “Em 1º de abril, o presidente Donald Trump anunciou o que denominou de “grande operação antidrogas no hemisfério Ocidental”. Depois, o secretário de Defesa, Mark Esper, acusou Maduro de ser o chefe de um gigantesco cartel internacional de drogas. Evidentemente, não apresentaram prova alguma. Mas tentam, mais uma vez, atacar o país, num momento de extrema fragilidade, pela baixa histórica dos preços do petróleo”, disse.
Segundo o professor, o Brasil quer “agarrar” o que chamou de “sobras de um butim de uma possível aventura alucinada da Casa Branca” – ou seja, uma eventual invasão à Venezuela.
“Trump pode ter sérios problemas em sua campanha presidencial, pelo avanço do coronavírus em seu país. Como em outras vezes, uma guerra vem bem a calhar para emular o sentimento patriótico do eleitorado conservador. Se o Brasil se somar a isso, será seguramente a maior roubada diplomática na qual entraremos em quase 200 anos de vida independente.”
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