Braga Netto coordenou ataques a militares da cúpula das Forças Armadas que 'resistiam às investidas golpistas', diz PF
Ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro foi alvo de mandado de busca e apreensão no âmbito das investigações que apuram a tentativa de golpe do 8/1
247 - As investigações da Polícia Federal (PF) apontam que o general Walter Braga Neto, então ministro da Defesa e da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro (PL), atuou na tentativa de golpe de Estado coordenando ataques a militares do alto escalão das Forças Armadas que resistiam às investidas golpistas, diz o jornal O Globo. O militar está entre os alvos da Operação Tempus Veritati, que apura a intentona golpista do dia 8 de janeiro do ano passado. Os agentes cumpriram mandado de busca e apreensão contra o oficial.
Segundo a reportagem, o mandado foi deferido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com base em um relatório da PF que aponta que Braga Neto teria “se concentrado na escolha de alvos, para a amplificação de ataques pessoais direcionados a militares em posição de comando, que resistiam às investidas golpistas, em coordenação de condutas que identificam o núcleo responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado”.
De acordo com a PF, "os ataques eram realizados por meio da difusão em múltiplos canais e contavam com a participação de influenciadores em posição de destaque perante a audiência militar”. Para os investigadores, Braga Netto e outros oficiais também teriam se valido da alta patente militar que possuíam “para influenciar e incitar o apoio aos demais núcleos de atuação, por meio do endosso de ações e medidas a serem adotadas, para a consumação do golpe de Estado”.
Nota da Polícia Federal – A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (8/2) a Operação Tempus Veritatis para apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder.
Estão sendo cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas. Policiais federais cumprem as medidas judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal, nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.
O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.
O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.
O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal.
Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
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