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    Brasil estima produzir 1,6 bilhão de litros de combustível sustentável de aviação

    A estimativa é que os investimentos no setor somem R$ 17,5 bilhões até 2027, segundo o Ministério de Minas e Energia

    Aeronave Aibus A319 da LATAM Airlines Brasil no Aeroporto de Congonhas em São Paulo 19/12/2017 REUTERS/Nacho Doce/Arquivo (Foto: Nacho Doce)

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    247 - O Brasil prevê uma produção anual de 1,6 bilhão de litros de Combustível Sustentável de Aviação (SAF) a partir de 2027, conforme dados divulgados pelo Ministério de Minas e Energia e por empresas do setor. Atualmente, não há produção comercial de SAF no país, mas empresas nacionais e estrangeiras têm investido pesado na construção de biorrefinarias, visando não apenas o abastecimento do mercado interno, mas também as crescentes demandas globais. A estimativa é que os investimentos no setor somem R$ 17,5 bilhões até 2027, segundo o Ministério de Minas e Energia.

    Quatro grandes empresas estão liderando essa transformação no Brasil: Acelen, que produzirá SAF a partir de óleo de macaúba; Raízen, com tecnologia baseada em etanol; Petrobras, que utilizará óleo de soja; e BBF, que aposta no óleo de palma. A Acelen estima produzir 1 bilhão de litros de SAF ao ano, enquanto a Petrobras e a BBF esperam alcançar produções menores, mas significativas.

    Com a Lei do Combustível do Futuro, sancionada recentemente, o Brasil se alinha aos esforços globais para redução de emissões. A partir de 2027, empresas aéreas serão obrigadas a incorporar SAF em suas operações, começando com uma meta de redução de 1% nas emissões, que deverá chegar a 10% até 2037. Para as companhias aéreas brasileiras Azul e Gol, a diversificação dos fornecedores será essencial para atender à demanda do setor. "Não vai ter SAF de uma fonte só para todas as empresas brasileiras a partir de 2027", afirmou Filipe Alvarez, gerente de Sustentabilidade da Azul, em entrevista à CNN, destacando que "obrigatoriamente todas as três [companhias aéreas brasileiras] vão precisar fazer uma composição de portfólio".

    A Latam, por sua vez, sinalizou que estratégias alternativas poderão ser necessárias, uma vez que a produção de SAF na América Latina ainda é limitada. Segundo Raquel Argentino, gerente de Sustentabilidade e Impacto Social da Latam Brasil, a companhia pretende usar 5% de SAF até 2030. "Atualmente, a quantidade de SAF no mundo é limitada e seu custo é elevado. Na América do Sul, o acesso a esse combustível representa um dos principais desafios para a descarbonização da indústria", explicou à CNN.

    Iniciativas empresariais e desafios de produção

    A Raízen está desenvolvendo SAF a partir de etanol, mas ainda não divulgou estimativas de produção. Paulo Côrte-Real Neves, vice-presidente de Trading da empresa, ressaltou que a demanda por SAF já supera a capacidade mundial de produção: "Está muito claro nos dias de hoje que o mundo precisa de todas as soluções possíveis", disse, defendendo o etanol como alternativa viável. Neves acredita que a nova lei de SAF trará incentivos ao desenvolvimento dessa tecnologia no Brasil, mas também considera fundamentais medidas que promovam um ambiente regulatório e fiscal favorável. "É uma oportunidade muito grande para que o Brasil seja uma referência", completou.

    A Acelen, que já opera uma biorrefinaria na Bahia, prevê a produção de SAF com foco na exportação e utiliza óleo de macaúba como matéria-prima. Segundo o CEO Luiz de Mendonça, um dos maiores desafios será garantir o abastecimento de insumos para a produção. "A planta [de SAF] é flexível. Nós estamos focando na macaúba porque tem o menor índice de carbono de todos os combustíveis renováveis", afirmou, mencionando a importância de cultivar essa planta em áreas degradadas. A Acelen planeja destinar 180 mil hectares de terras, incluindo parcerias com pequenos produtores, ao cultivo da macaúba.

    A Petrobras também está investindo em alternativas ao combustível fóssil tradicional, com um programa de US$ 1,5 bilhão para desenvolver o BioRefino, que incluirá o uso de óleo de soja e sebo bovino na produção de SAF. A expectativa do governo é evitar a emissão de 17,2 milhões de toneladas de CO₂ entre 2027 e 2037, conforme estabelecido no Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação (ProBioQAV).

    Perspectivas para o futuro

    Com a crescente demanda e os mandatos de redução de emissões, o SAF surge como peça central na estratégia de descarbonização da aviação brasileira. No entanto, o sucesso dessa transição dependerá de uma combinação de políticas públicas favoráveis e avanços tecnológicos na produção. Como ressaltou Luiz de Mendonça, "não é só o Brasil que está colocando mandatos. Todos os países estão colocando mandatos. Vai ser uma corrida", declarou o CEO da Acelen, alertando para o desafio de acompanhar o desenvolvimento global e suprir a demanda por fontes renováveis.

    Ao longo dos próximos anos, o Brasil se compromete a desenvolver uma produção robusta de SAF, garantindo não apenas a competitividade no mercado, mas também contribuindo para a sustentabilidade da aviação global.

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