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    Candidato do Brasil a chefiar Interpol diz que é hora de maior diversidade no comando da agência

    Nos seus 100 anos, a Interpol foi dirigida por homens das nações desenvolvidas do Ocidente, de apenas cinco países

    Diretor de Cooperação Internacional da Polícia Federal, Valdecy Urquiza, durante entrevista com a Reuters em Brasília (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

    (Reuters) - A Interpol deveria eleger um novo secretário-geral de uma nação em desenvolvimento para diversificar e aumentar sua legitimidade em um mundo cada vez mais polarizado, disse à Reuters o candidato do Brasil à chefia da agência de cooperação policial global, Valdecy Urquiza.

    Isso traria à Interpol uma nova perspectiva, maior credibilidade e maior cooperação global no combate ao crime transnacional, disse Urquiza, diretor de Cooperação Internacional da Polícia Federal, em entrevista na sexta-feira.

    "Entendemos que a diversidade trará mais credibilidade à organização, mais legitimidade ao trabalho que é feito. Por quê? A organização atua em atividades no combate a ameaças de todo o globo, então precisamos agregar à organização a expertise, prioridades e forma de combate, às prioridades de cada polícia de outras regiões do globo", afirmou.

    "Então a diversidade agrega bastante às capacidades operacionais da organização", ressaltou ele, ao considerar que a instituição corre o risco de, sem isso, se isolar.

    Nos seus 100 anos, a Interpol foi dirigida por homens das nações desenvolvidas do Ocidente, de apenas cinco países, quatro da Europa e dos Estados Unidos.

    O comitê-executivo da Interpol elegerá um novo secretário-geral no dia 13 de junho para dirigir a organização policial durante cinco anos no lugar do atual diretor, Juergen Stock, da Alemanha.

    Os quatro candidatos incluem o britânico Stephen Kavanagh; Mubita Nawa, da Zâmbia, e Faisal Shahkar, do Paquistão.

    O órgão de coordenação policial global, com sede em Lyon, na França, é a maior organização policial do mundo, com 196 países membros.

    EFICÁCIA - Urquiza, de 42 anos e atualmente um dos três vice-presidentes da Interpol, acredita que é hora de se afastar do controle do Ocidente tradicional e trazer especialistas de outras partes do mundo para aumentar a eficácia de uma organização que é mais necessária do que nunca, à medida que o crime se torna cada vez mais transnacional.

    "O componente transnacional hoje é uma realidade nas investigações de todos os países e por isso uma plataforma que permita a articulação, a interligação, a troca de informação entre as polícias é absolutamente necessária", afirmou.

    "E o Brasil entende que essa organização não só precisa existir, mas precisa funcionar de forma eficiente, de forma neutra, isenta e como uma plataforma técnica, focada realmente no trabalho policial", ressaltou.

    Geopoliticamente, o Brasil se autodenomina um país neutro e pode bem representar os interesses da maioria dos países.

    Recentemente, a Rússia escapou às medidas para ser suspensa da organização depois de invadir a Ucrânia em 2022 e os críticos chegaram a acusar Moscou de abusar das ferramentas da Interpol, como o uso do sistema de “difusão vermelha”, para fazer com que opositores políticos fossem presos no estrangeiro.

    “A Interpol não pode ser usada para fins geopolíticos, por isso é importante que o secretário-geral venha de um país neutro, e o Brasil tem isso. É um parceiro confiável”, disse Urquiza.

    A Polícia Federal brasileira, onde Urquiza fez carreira, tem sido reconhecida internacionalmente por seu profissionalismo e uso de tecnologia de ponta no combate ao crime e ao crime cibernético.

    A cooperação policial internacional é essencial no mundo interconectado de hoje, onde a aplicação da lei exige provas de um país para processar criminosos em outro, disse Urquiza, acrescentando que a Interpol precisa ser mais rápida no compartilhamento de dados.

    "Precisamos reestruturar os mecanismos internos da organização para garantir que seus processos e procedimentos sejam eficientes, mais céleres e permitir uma resposta à altura e no tempo certo em que os policiais estejam na linha de frente do combate ao crime necessitam", destacou.

    O delegado também quer elevar a participação feminina nos cargos de comando do órgão. Atualmente elas ocupam 43% dos representantes da instituição, mas não chegam a 10% em postos do alto escalão.

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