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Celso Amorim lamenta morte de Samuel Pinheiro Guimarães: 'vai fazer enorme falta'

"Estou triste e chocado com sua perda", disse o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim sobre o falecimento do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães

Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães (Foto: Felipe Gonçalves / Brasil 247)

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247 - O embaixador e ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, atual assessor especial da Presidência da República, lamentou a morte do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, que foi secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores de 9 de janeiro de 2003 até 20 de outubro de 2009, quando a pasta era comandada por ele. Guimarães faleceu na segunda-feira (29) aos 84 anos e a causa da morte não foi divulgada.

“Não sou capaz de falar apenas sobre o lado político do Samuel. Fomos amigos por 60 anos. A experiência mais intensa foi, certamente, no Itamaraty, a partir do início do governo Lula. Fui chamado pelo presidente para o posto de ministro. Convidei, naturalmente com autorização presidencial, o Samuel, para que fosse o secretário-geral do Itamaraty. Foi uma peça fundamental – em vários aspectos – na defesa dos ideais do que eu chamava de “uma política externa independente, ativa e altiva”. Muita gente diz que era um trio: eu como ministro, o Samuel secretário-geral e o Marco Aurélio Garcia na função que eu tenho hoje, de assessor especial do presidente Lula”, disse Amorim ao site Outras Palavras

“Eu exercia o trabalho do diplomata, do ministro mesmo, que viaja, participa mais intensamente de reuniões — e era o negociador. O Samuel tinha que administrar internamente a política externa, não só dentro do próprio Itamaraty, mas coordenando-se com outros órgãos. A capacidade dele era imensa, tão grande quanto a devoção à tarefa. Se eu, como ministro, suscitasse uma questão qualquer, ele dava o passo interno. Reunia os secretários executivos de todo o governo para discutir aquela questão e as ações necessárias. Era algo que eu não podia fazer, estava viajando. Estava no Irã, num dia, no outro dia na Turquia. Ele agia internamente. E o Marco Aurélio era a pessoa que tinha o ouvido do presidente mais próximo”, completou. 

Ainda segundo Amorim, “o Samuel foi absolutamente indispensável porque somava, a este lado de articulador, o de intelectual. Isso está refletido nos livros preciosos que ele escreveu sobre o contexto das lutas que travávamos. Falo de Quinhentos anos de periferia e de Desafios na era dos gigantes, principalmente. Mas esta produção vastíssima do Samuel combinava-se com uma humildade intelectual rara e uma notável capacidade de diálogo. Escrevia artigos profundos com frequência – mas sempre os enviava a um grupo grande de amigos e conhecidos, pedindo sugestões e críticas”.

Amorim também ressalta a dedicação de Guimarães ao serviço público. “Vale notar outra característica do Samuel: sua impressionante dedicação ao serviço público. Talvez haja algum outro servidor público tão devotado. Mas nenhum foi mais do que ele. Esta dedicação absoluta à causa pública e esta firmeza na defesa das ideias, contudo, não o impediam de conciliar – quando era necessário, politicamente, para alcançar um objetivo maior”.

“O Samuel vai fazer enorme falta. Foi um elemento fundamental para a política externa em vários momentos, mas sobretudo, nos dois mandatos do presidente Lula. Uma pessoa de valor extraordinário, que enfrentou situações difíceis nas lutas pelo cinema nacional, a integração sul-americana, a independência econômica do Brasil e da América do Sul. Estou triste e chocado com sua perda”, lamentou. 

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